Há alguns dias fizemos um pedal e chamamos o nosso amigo Wilian (Pequeno Will, para xs íntimxs) para pedalar conosco. A ideia era fazer algum trajeto antes da viagem de final de ano, que sempre fazemos mas nunca nos preparamos adequadamente, e também começar o nosso recrutamento para o tão desejado rolê-mendigo, onde pretendemos dar uma pedalada por toda a região dos lagos, mas indo com bikes comuns mesmo (as nossas) e sem pagar por hospedagens, dormindo em locais pelo caminho – por isso a necessidade de um grupo. Ao final do rolê com o Wilian, pedimos para ele fazer um relato para colocarmos aqui no blog e, sem mais delongas, segue o excelente texto dele – só faltou uma foto para ilustrar a postagem, mas ninguém se importou com fotografar..
MEU PRIMEIRO PASSEIO DE BIKE
WILIAN MENDES
Um convite. Uma proposta. Um objetivo. Assim começou a ideia de pedalarmos no sábado. O Marcus há tempos me falava sobre a bike como meio de transporte, essa foi talvez a conversa que mais adiamos. Até que certa quarta feira, a duplinha do barulho Lucilia-Marcus vieram aqui em casa e decidiram balançar minhas ideias como sempre fazem. Após uma noite de conversas risadas e memórias ficou decidido que no sábado pedalaríamos até Parada Modelo em Guapimirim. Eu de pronto aceitei, mas só tinha aqui em casa um Poti Caloi vermelha que já está há anos na família (apelidada de Poti da Alegria).
Eu até certo ponto tento fazer exercícios regularmente, mas ainda não utilizava a bike com um intuito mais sério e muito menos para percorrer longas distâncias. A principio numa estimativa errada, Marquito me disse 33 km até lá, depois vi na internet que até Parada Modelo era um pedal de 43 km. Ai a confiança vai ao pé. O Marcus havia me aconselhado ver os freios e a regulagem da bike. Mas eu, cabeçudo, deixei a bike no tio da bike aqui perto de casa na véspera, antes de ir para o trabalho e peguei quando voltei do trabalho. Não olhei, não conferi, nadinha de nada. Só trouxe pra casa.
Chegou o grande dia. Marcamos 7:30 da manhã para eu chegar no Markilson pra depois irmos até a casa da Lucilete e de lá partirmos. Eu já cheguei atrasado e só trouxe água e algumas frutas, que segundo a Lucilia não eram as mais recomendadas. (Ela tinha razão porque com 30 min de pedal já estavam escuras – Banana e Pera). Para piorar a minha bike estava cheia de probleminhas técnicos que pra mim era indecifráveis. Eu e Marcus fomos até a casa da Lucilia e após os reparos partimos até Parada Modelo.
Seguimos pela Rio-Magé, pelo acostamento e o pedal por mais que fosse longo não foi nada cansativo. Pedalar é relaxante. É o contrário do que a priori imaginamos. É um experiência totalmente nova e diferente. (Grosso Modo: sabe quando ficamos um dia na Praia sentado olhando pro Mar e a noite nos sentimos exaustos, mas relaxados por ter passado o dia na praia? Então é isso!). O que mais me encantou é o tempo que você tem para si ao pedalar. A bike é um meio totalmente diferente. Eu não senti medo, me senti autoconfiante, seguro, capaz de conduzir meu caminho por meio das minhas próprias pernas. Naquele momento em que estava pedalando senti que poderia chegar a qualquer lugar. Tive tempo para contemplar a natureza e pensar nas minhas ideias. Não me senti entediado em momento algum, seja por me concentrar em meus pensamentos, ou por ter a ótima companhia do Marcus e da Lucilia ao longo do caminho. Nós conversávamos, mostrávamos coisas uns aos outros, e o Marcus aproveitava pra recontar suas piadas pra mim e que pra Lucilia já eram batida de outras viagens! XD
Nós passamos por grandes áreas verdes, podíamos ver a Serra dos Órgãos ao fundo e sentir o vento. Não pegamos um sol escaldante sobre nossas cabeças. Estava sol, mas não tão quente. Muita natureza e calma. Ao longo do caminho lembro ter comentado com a Lucilia que já na pista podia sentir a diferença no ar e isso foi ótimo. Ao chegar em Parada Modelo, comemos pão com grão de bico preparado pela Lucilia. Putz! Estava delicioso. Sinto falta dele até hoje.
Claro que nem tudo foi flores, um carro se jogou na nossa frente no acostamento e algumas vezes caminhoneiros buzinavam bem alto ao nosso lado. Isso nos assustava com frequência. Mas esses perrengues ocorreram na ida. Na minha recordação a volta foi mais tranquila só marcada pela fadiga normal mesmo. Ao voltar senti que contemplava um local totalmente novo. O ritmo das pedaladas é diferente, vimos alguns sítios ou terrenos que estavam a venda e ficamos conjecturando compra-los algum dia. Aceitamos presentes rs!
As 16:00 já estávamos de volta na casa da Lucilia preparando um rango pra comermos. Um yakisoba tão bão, mas tão bão que minha nossa! Pedalar me abriu novas formas de enxergar as coisas e eu mesmo mudei ao longo do caminho. No começo, queria chegar a qualquer custo, provar que era capaz de fazer aquele caminho. Na volta percebi que não importa o tempo, o importante é sair de casa, conhecer, ver os amigos, andar de bike. Nunca foi uma competição, mas eu a principio encarei como tal e depois percebi que isso nem sequer passou pela cabeça dos meus amigos. Interagir com os outros nos torna mais humanos e esse passeio de bike só reforçou os laços de amizade que tenho com meus amigos.
Já me encantei pela bike e o cicloturismo também me atraiu bastante. Agora vou perturbar o Marcus e a Lucilia para fazermos mais pedais sempre que possível! No fim, foi isso. Um ótimo dia, com ótimas reflexões. Foi uma primeira grande experiência. Abraços e andem de bike!