Texto dxs amiguinhxs – WIlian Mendes

Há alguns dias fizemos um pedal e chamamos o nosso amigo Wilian (Pequeno Will, para xs íntimxs) para pedalar conosco. A ideia era fazer algum trajeto antes da viagem de final de ano, que sempre fazemos mas nunca nos preparamos adequadamente, e também começar o nosso recrutamento para o tão desejado rolê-mendigo, onde pretendemos dar uma pedalada por toda a região dos lagos, mas indo com bikes comuns mesmo (as nossas) e sem pagar por hospedagens, dormindo em locais pelo caminho – por isso a necessidade de um grupo. Ao final do rolê com o Wilian, pedimos para ele fazer um relato para colocarmos aqui no blog e, sem mais delongas, segue o excelente texto dele – só faltou uma foto para ilustrar a postagem, mas ninguém se importou com fotografar..

 MEU PRIMEIRO PASSEIO DE BIKE

WILIAN MENDES

 

Um convite. Uma proposta. Um objetivo. Assim começou a ideia de pedalarmos no sábado. O Marcus há tempos me falava sobre a bike como meio de transporte, essa foi talvez a conversa que mais adiamos. Até que certa quarta feira, a duplinha do barulho Lucilia-Marcus vieram aqui em casa e decidiram balançar minhas ideias como sempre fazem. Após uma noite de conversas risadas e memórias ficou decidido que no sábado pedalaríamos até Parada Modelo em Guapimirim. Eu de pronto aceitei, mas só tinha aqui em casa um Poti Caloi vermelha que já está há anos na família (apelidada de Poti da Alegria).

Eu até certo ponto tento fazer exercícios regularmente, mas ainda não utilizava a bike com um intuito mais sério e muito menos para percorrer longas distâncias. A principio numa estimativa errada, Marquito me disse 33 km até lá, depois vi na internet que até Parada Modelo era um pedal de 43 km. Ai a confiança vai ao pé. O Marcus havia me aconselhado ver os freios e a regulagem da bike. Mas eu, cabeçudo, deixei a bike no tio da bike aqui perto de casa na véspera, antes de ir para o trabalho e peguei quando voltei do trabalho. Não olhei, não conferi, nadinha de nada. Só trouxe pra casa.
Chegou o grande dia. Marcamos 7:30 da manhã para eu chegar no Markilson pra depois irmos até a casa da Lucilete e de lá partirmos. Eu já cheguei atrasado e só trouxe água e algumas frutas, que segundo a Lucilia não eram as mais recomendadas. (Ela tinha razão porque com 30 min de pedal já estavam escuras – Banana e Pera). Para piorar a minha bike estava cheia de probleminhas técnicos que pra mim era indecifráveis. Eu e Marcus fomos até a casa da Lucilia e após os reparos partimos até Parada Modelo.

Seguimos pela Rio-Magé, pelo acostamento e o pedal por mais que fosse longo não foi nada cansativo. Pedalar é relaxante. É o contrário do que a priori imaginamos. É um experiência totalmente nova e diferente. (Grosso Modo: sabe quando ficamos um dia na Praia sentado olhando pro Mar e a noite nos sentimos exaustos, mas relaxados por ter passado o dia na praia? Então é isso!). O que mais me encantou é o tempo que você tem para si ao pedalar. A bike é um meio totalmente diferente. Eu não senti medo, me senti autoconfiante, seguro, capaz de conduzir meu  caminho por meio das minhas próprias pernas. Naquele momento em que estava pedalando senti que poderia chegar a qualquer lugar. Tive tempo para contemplar a natureza e pensar nas minhas ideias. Não me senti entediado em momento algum, seja por me concentrar em meus pensamentos, ou por ter a ótima companhia do Marcus e da Lucilia ao longo do caminho. Nós conversávamos, mostrávamos coisas uns aos outros, e o Marcus aproveitava pra recontar suas piadas pra mim e que pra Lucilia já eram batida de outras viagens! XD

Nós passamos por grandes áreas verdes, podíamos ver a Serra dos Órgãos ao fundo e sentir o vento. Não pegamos um sol escaldante sobre nossas cabeças. Estava sol, mas não tão quente. Muita natureza e calma. Ao longo do caminho lembro ter comentado com a Lucilia que já na pista podia sentir a diferença no ar e isso foi ótimo. Ao chegar em Parada Modelo, comemos pão com grão de bico preparado pela Lucilia. Putz! Estava delicioso. Sinto falta dele até hoje.
Claro que nem tudo foi flores, um carro se jogou na nossa frente no acostamento e  algumas vezes caminhoneiros buzinavam bem alto ao nosso lado. Isso nos assustava com frequência. Mas esses perrengues ocorreram na ida. Na minha recordação a volta foi mais tranquila só marcada pela fadiga normal mesmo. Ao voltar senti que contemplava um local totalmente novo. O ritmo das pedaladas é diferente, vimos alguns sítios ou terrenos que estavam a venda e ficamos conjecturando compra-los algum dia. Aceitamos presentes rs!

As 16:00 já estávamos de volta na casa da Lucilia preparando um rango pra comermos. Um yakisoba tão bão, mas tão bão que minha nossa! Pedalar me abriu novas formas de enxergar as coisas e eu mesmo mudei ao longo do caminho. No começo, queria chegar a qualquer custo, provar que era capaz de fazer aquele caminho. Na volta percebi que não importa o tempo, o importante é sair de casa, conhecer, ver os amigos, andar de bike. Nunca foi uma competição, mas eu a principio encarei como tal e depois percebi que isso nem sequer passou pela cabeça dos meus amigos. Interagir com os outros nos torna mais humanos e esse passeio de bike só reforçou os laços de amizade que tenho com meus amigos.
Já me encantei pela bike e o cicloturismo também me atraiu bastante. Agora vou perturbar o Marcus e a Lucilia para fazermos mais pedais sempre que possível! No fim, foi isso. Um ótimo dia, com ótimas reflexões. Foi uma primeira grande experiência. Abraços e andem de bike!

Uma pedalada até Trajano de Morais (que foi só até Friburgo :P)

Estava tudo planejadinho: primeira parada em Magé, de lá até Cachoeiras de Macacu, depois até Friburgo, para depois seguir direto até Trajano, ou, dependendo das condições e do nosso fôlego fazendo uma parada antes em Bom Jardim. A serra de Friburgo me preocupava, (inocentemente) me preocupava mais com o acostamento e com penhascos do que com a subida em si. O fluxo de carros era muito baixo (pelo menos no dia 26 de dezembro de 2014) e a falta de acostamento em parte dela nem fazia tanta diferença, além de não ter nenhum trecho “beiradinha de penhasco”, mal sabia eu que o grande problema iria ser a subida mesmo, o esforço. Mas voltemos por enquanto ao início da viagem. Pedalamos 30km em torno de 2h, algo entre 17h e 19h da noite do dia 24.

Buraqueira 493

Buraqueira 493

Foi um pedaço bem tranquilo, a maior parte dele é feito na 116 (Rio-Teresópolis), que é uma rodovia que além de ter um acostamento generoso, o asfalto é ótimo. O problema é o trecho da 493 (Magé-Manilha) que temos que pegar até chegar no centro de Magé, como já falado em outras postagens, é um trecho muito ruim, acostamento esburacado e/ou com muita areia. Em alguns trechos não tem como fugir, tem que pedalar na pista. Eu particularmente me sinto bem desconfortável pela quantidade de caminhões que transitam na via. Alguns respeitam o 1,5m de distância, mas nem todos. No outro dia, foi só felicidade.

RJ 122 :)

RJ 122 🙂

Seguimos por dentro de Magé mesmo, passando por Parada Modelo até chegar na RJ-122. Trajeto tranquilo, pouquíssimos carros, bastante sombra. Tirando a quantidade imensa de haras que existe nessa região, a paisagem é bem agradável. Vários ciclistas no caminho. Lá pelas tantas nos deparamos com um lagarto de mais ou menos um metro atravessando a rodovia meio assustado quando viu a gente. Chegamos, meio incrédulos com ter sido tudo de boa, antes de meio dia em Cachoeiras de Macacu. O único ruim foi que como chegamos bem antes do esperado foi meio entediante ficar o dia todo em pleno Natal (onde nada abre) em um lugar que não conhecíamos e nem dava para “desbravar” a cidade porque queríamos nos poupar para a serra no dia seguinte. E no dia seguinte… Normalmente toda subida é compensada por uma descida depois, mas em serra isso nao acontece nunca. Você não pode nem mentalizar, “Faz esse esforço! Você consegue! Logo depois tem uma descidinha…”, porque senão é frustração na certa. Já chegando em Friburgo você pega um bom pedaço de descida, mas se você for insegurx como eu e tiver medo da bicicleta passar de 35km/h não dá nem pra aproveitar as descidas muito grandes. Resumo do que foi subir até Friburgo: “empurração” de bicicleta. Fica a dica: pra serras como essa é bom uns treinos antes. Na cidade tivemos o merecido descanso em um albergue. Como não conseguimos contato com a pessoa que encontraríamos em Trajano e que seria uma possível carona para a volta, resolvemos voltar no dia seguinte. E como me assustava a ideia de descer a serra com a bike, compramos passagem até Manilha. Outra dica: não pedalem a Manilha-Magé em pleno verão, às 15h. Nenhuma sombra. Muito calor subindo do asfalto.
Segue abaixo os links da pesquisa que fizemos para esse pedal:
http://www.pedal.com.br/forum/subindo-a-serra-de-friburgo-rj_topic50707.html
http://bicicloturista.blogspot.com.br/2013/11/niteroi-x-nova-friburgo-de-road-na.html
https://m.youtube.com/watch?v=
http://www.youtube.com/watch?v=oB0h61-EKy8

Contemplação

Contemplação

Carangueijo na serra

Carangueijo na serra

Almoço: sem o álcool para a espiriteira, Marcus mostrou suas habilidades

Almoço: sem o álcool para a espiriteira, Marcus mostrou suas habilidades

Empurrar foi a nossa sina

Empurrar foi a nossa sina

Última parada: visual bonito pra compensar

Última parada: visual bonito pra compensar

P1020879

Chegando em Friburgo

 

 

 

Sobre viagens, companhias e mulheres de bicicletas

Depois de uma viagem marota no final do ano passado até Friburgo (em algum momento vamos postar as descobertas e os perrengues), a vontade de pedalar continuava. “A gente pedalou pouco.” “Também acho.” “Vamos para Região dos Lagos?” “Quando? Só falo uma coisa: só pedalo de manhã e de noite. XD“. Mas como a falta de sintonia, já comentada na última postagem, continuava, Marcus acabou partindo sozinho. Quase que simultaneamente à sua partida acessei o blog Espaços Invisíveis e li uma postagem que fala sobre companhia para viagens, onde a ciclista/autora escreve a partir de sua inesperada pedalada sozinha por conta de uma parceria de viagem que não deu certo. Depois da leitura fiquei pensando e aqui estou tentando organizar esses pensamentos.

Marcus sempre comenta que aprendeu em sua primeira viagem de bike a importância do trajeto e não do destino em uma experiência dessas. Se a sua pedalada não for solitária, a sua relação com sua companhia de pedal será crucial para um trajeto proveitoso. Coisas simples como cantar Dance of Days juntxs, compartilhar o olhar de maravilhamento ao se deparar com um lagarto imenso na RJ-122 e rir de piadinhas anti-carro tornam a viagem muito mais agradável.

Sem a companhia dele a possibilidade de realizar outra viagem de bike antes das férias acabarem parecem muito distantes. Não me sinto nem um pouco segura de andar sozinha por estradas que não conheço ou que são muito distantes. Não falo do receio de um acidente ou algo parecido, tenho medo de assaltos e de algum tipo de violência sexual. Na última viagem encontramos várias vezes ciclistas homens sozinhos nas estradas, nenhuma mulher. Isso parece ser um dado significativo. Algumas discussões sérias sobre assédio, mulheres e bike na internet como aqui e aqui nos fazem ver como esse é um problema generalizado e constante.

Como pegar a bike sozinha não se apresentava como opção, passei a considerar a possibilidade de arrumar uma companhia através da afinidade mais evidente: a vontade de viajar de bicicleta. Pesquisando aqui, pesquisando ali e até agora nenhuma possibilidade concreta.

Sim, a ideia é encontrá-lo na Região dos lagos.

– Lucília

O primeiro furo rola antes da viagem começar…

Esse pode não ser um post sobre bicicletas, jovens incautxs – então estejam avisadxs!

Final de ano chegando, os planos para uma viagem de bicicleta, pequena que seja, começam a aparecer; por mais que Cicloninha e eu não estejamos “em sintonia”, viajar juntxs de bicicleta é um algo que queremos compartilhar pra sempre, então os planos começam a amadurecer em dupla. O problema sempre presente são as férias da Cicloninha: trabalha em dois locais diferentes, com calendários de férias diferentes, e isso sempre deixa quase nada de tempo efetivamente livre pra pedalar – esse ano, pra piorar, o pessoal de um dos trabalhos dela esqueceu que férias é um direito. Assim, vimos que o melhor a ser feito era pedalar no final-de-ano, e traçamos um plano que parecia perfeito: pedalar na Região dos Lagos. Esse destino tem a seu favor vistas lindas, praias, estradas bem conservadas, proximidade e altimetria amigavéis mas, principalmente, eu conheço algumas pessoas que moram e/ou tem casa de veraneio por lá. Começa a correria de tentar contatos, e todos vão sendo um balde de água fria, cada nova notícia de que alguém não vai estar em casa torna a viagem mais distante; e o pior, gente que nem quebra o galho de dar alguma resposta – saudade da época do telefone…

Ontem (sexta-feira, 19/12/2014) eu iria sair de casa (Nova Holanda – Maré) depois das 23:00, para poder pegar um ônibus pra casa de mainha (Santa Cruz da Serra – Duque de Caxias) vazio, visto que além da bolsa pesadíssima eu teria que trazer a roda da bicicleta, pois estava usando a da bike de viagem na bike fixa. Mas o estresses e cansaços do dia-a-dia fazem as pessoas discutirem, e não sei exatamente o que faz as pessoas serem injustas, e no meio de um clima chato resolvi não esperar ônibus nada e vir de bike – coloquei a roda no lugar, prendi a bolsa no bagageiro e coloquei o pedal na estrada. Foi a primeira vez que pedalei a Av. Brasil e a Washington Luís na fixa sem “freios manuais”, apenas contando com a desaceleração das pernas, e não tive nenhum problema nesse sentido; estava uma noite agradável para pedalar, com promessa de chuva, e fui pedalando e me perdendo em reflexões.

Mas, como Murphy olha por mim, um ou dois quilômetros depois do Carrefour da Washington Luís senti que o pneu traseiro havia furado, o que me fez parar a bicicleta e esbravejar ao mesmo tempo; ao menos foi em um trecho de acostamento largo e com uma proteção na pista que me permitiu ficar “meio-sentando”, apoiando na proteção. A primeira dúvida foi entre trocar a câmara de ar (procedimento mais indicado) ou fazer um remendo (procedimento mais rápido); como a roda de trás da minha fixa da um trabalho para alinhar e esticar a corrente, preferi fazer o remendo. Ao procurar pelo objeto perfurante por fora mesmo, achei um pedaço do que acho ser metal enferrujado, mas que não era absolutamente pontudo – Murphy desejou me mostrar algo, e a ferramenta que ele achou foi aquilo ali. Tirei o pneu (com a roda ainda no lugar), procurei pelo furo, achei, abri o kit de remendo para pegar a lixa e… cadê a lixa? Procurei me acalmar, lixei a área do furo no asfalto mesmo, limpei na minha camisa, passei a cola e coloquei o remendo. Enquanto esperava secar, não sei exatamente em que ordem, mas fui lembrando das duas últimas aulas do curso de “Fotografia e Vídeo Experimental”, que foram “saídas a campo”, em uma fizemos imagens da Linha Vermelha e na outra fizemos imagens da Av. Brasil, ambas à noite, e disso surgem aquelas fotos de longa exposição que acho muito interessantes, e nisso fui percebendo que eu estava na Washington Luís, à noite, e com a câmera de mainha na bolsa; foi aí que percebi o plano de Murphy para mim: nas últimas semanas eu tinha começado a pensar na possibilidade de buscar trabalhar com edição de vídeo e fotografia, na última aula conversei sobre isso com o Rafael, ontem, enquanto arrumava a casa, passei o dia ouvindo podcasts sobre fotografia, e no banho decidi que em 2015 eu vou começar a buscar isso sim, vou tentar novamente inscrição na ESPOCC, procurar saber de cursos, tentar comprar a minha câmera, iniciar um portfólio. Daí me veio um frase na cabeça, “transformar os problemas em oportunidades”, e entendi que eu deveria embarcar no esquema de Murphy e tirar umas fotos ali. Montei a roda novamente, enchi o pneu, posicionei a bicicleta, tirei a câmera da bolsa (o que deu certo trabalho), deitei no chão, configurei a câmera (fui de foco automático, sou fraco), busquei um enquadramento interessante e comecei os cliques de 30 segundos, mais tantos outros para a câmera gravar a informação no cartão. Depois de algumas fotos, me dei por satisfeito, guardei a câmera e fui seguir pedalando, quando percebo o que? Sim, o pneu traseiro novamente arriado, o que provavelmente significa que o remendo estava vazando – meus últimos remendos nunca tem dado certo, e não sei o que Murphy pretende com isso. Tentei não me irritar (e deu certo, vejam só vocês), tirei a bolsa da bicicleta, peguei a câmera, virei a bicicleta, e fui retirar a roda para trocar a câmara de ar. Nisso, peguei o tripé (falhei com meu lado Experimental, Cult e Pseudo-Intelectual, reconheço), configurei, enquadrei, e me revezava entre tirar uma foto de longa exposição e dar um trampo na roda. Devo ter ficado mais ou menos uma hora nisso tudo, mas consegui duas coisas, no mínimo, que considero importantíssima: consegui buscar uma oportunidade para construir felicidade mesmo num momento ruim, e efetivamente aquilo foi o melhor momento do meu dia, quiça da semana; pela primeira vez me senti fotógrafo, me relacionando com a fotografia e curtindo aprisionar momentos, sem esquecer de vivê-los (obrigada, Honesto e Gaguinho).

Agora, sentado no chão e escrevendo isso, fui mexendo nas coisas “achei” três lições de Murphy: eu havia guardado o objeto que furou o pneu dentro do tubo de remendo, mas ele não esta mais lá, deve ter ficado na estrada – o importante não é guardar a ferramenta, mas aprender o processo; ao abrir o tubo de remendos em local com iluminação decente, achei duas lixas no fundo dele – Murphy escreve certo por linhas que vemos fora de enquadramento; testei a câmara que remendei, e o vazamento era em outro remendo mais antigo – na estrada troque a câmara, remende em local calmo e bem iluminado, de preferência pague por um remendo quente, e ganhe mais tempo para se tornar um fotógrafo.

Remendo

Remendo/ferramenta de Murphy

Fixa em Longa Exposição na Washington Luís

Bike, depois de tratada no GIMP

Comer chocolate ou andar de bicicleta? Que tal os dois…

Andamos de bicicleta e fazemos outras coisas nas horas vagas… Unindo a fome com a vontade de comer resolvemos vender ovos de paścoa para vegetarianos e intolerantes à lactose:

Confiram nossos preços:

Decidimos facilitar para você e pensamos num esquema “a la carte”. Como funciona: disponibilizamos o preço base do ovo de páscoa; você escolhe o recheio e depois a quantidade de bombons. menu recheiosmenu bombons

Mais informações:

https://www.facebook.com/pages/Ovos-de-p%C3%A1scoa/221948487929779

Que tal um chocolate em forma de bicicleta? Não, não temos essa opção =/ mas é uma boa ideia… que vai ter que ficar para a próxima! 😉

Bicicletada de fevereiro (22/02/2013)

Estava eu ocupado com a elaboração dos meus planos de aula para a semana seguinte, quando abro meu email do BOL (que não abria ha uns dois dias) e sou recebido com a simpática quantidade de 74 emails não-lidos; ao dar uma olhadela rápida, constatei que a esmagadora maioria era da lista da bicicletada. Minha experiência me diz que quando há essa quantidade de emails, geralmente é por um assunto trivial, onde muitas pessoas respondem com coisas como “ok”, “estarei lá”, “comofaz?” e tentativas de participar de qualquer tópico, mesmo que nunca vá na bicicletada. Meu comportamento costumeiro nessas situações é ler o primeiro email do tópico, se interessar vou lendo o resto, se interessar um pouquinho de nada leio o último também, se não interessar simplesmente apago todos os emails daquele tópico. Só olhando os assutos dos emails me toquei que a bicicletada seria no dia seguinte, o que seria ótimo, pois estou indo de bike para o trabalho e isso facilitaria bastante o ânimo; mas vi algo que me preocupou, pois um tópico noticiava a morte de um ciclista, atropelado em Botafogo. Ao ir lendo os emails soube que se tratava de Fábio Muniz, 44 anos, escalador quatro vezes campeão brasileiro; o mais preocupante, até então, era que a grande mídia já estava divulgando que “a polícia afirmou que o motorista não teve culpa” – várias pessoas questionavam que investigação havia sido feita para chegar a essa conclusão, em tão pouco tempo. Um pouco sobre Fábio pode ser visto aqui.

Diante dessa situação, surgiu uma mobilização para instalar uma Ghost Bike – uma bike toda pintada de branco é colocada próxima ao local onde uma/um ciclista foi atropelad@, como forma de homenagem e memória,algo parecido com as cruzes colocadas em beira de estradas. Amig@s escaladorxs do Fábio se mobilizaram e conseguiram uma bike, pintaram e se prontificaram a instalá-la no local.

Bicicletada saindo da concentração rumo a Botafogo

Saí do trabalho por volta das 18:30, chegando na concentração da bicicleta umas 19-e-alguma-coisa; logo vi o Honesto (fácil, dado o contexto, foi só procurar aonde estavam sendo feitas as faixas e stêncils) e parei pra trocar uma idéia. A bicicletada estava com muito mais pessoas do que o comum, da mesma forma que aconteceu em outra situação onde ciclistas foram atropelad@s – é uma infelicidade enorme que as pessoas só compareçam nessas situações. Mas uma coisa nessa bicicletada foi muito poderosa enquanto exemplo: o consenso, mesmo em grupos grandes, sem líderes e heterogêneo É POSSÍVEL; ali, havia um motivo forte e evidente (na minha opinião de merda) para que o trajeto fosse para Botafogo, mas a estrutura da nossa bicicleta é de decidir o trajeto na hora, com toda e qualquer pessoa tendo direito a voz, mas ninguém apareceu com outra proposta, bastou um objetivo comum e conseguimos unir uma boa quantidade de pessoas (50? 70? 100?!) em um mesmo propósito, sem necessidade de líderes, votações, maiorias ou patrões – essa, alcatéia de reaças, vocês vão ter que engolir.

O caminho se deu sem grandes complicações até o local aproximado do atropelamento, em frente à Casa&Vídeo da praia de Botafogo. Enquanto o pessoal trocava da direita para a esquerda da pista, pois iríamos prender a Ghost Bike no canteiro central, fizemos uma pequena rolha (quando algumas pessoas param as bikes de forma a impedir o trânsito e garantir a segurança da bicicletada), travando as duas faixas da esquerda. Quando achei que estava tudo de boa ouço uma discussão, e vejo que tem um motoqueiro discutindo com o Jayme (“discussão” e “Jayme” cada vez mais me parecem sinônimos – e isso é ótimo), então volto já ligando a câmera, e nisso um motoboy do Bob’s, que já estava na frente da rolha, volta para dar o seu depoimento sobre o atropelamento, alegando tê-lo visto. O vídeo pode ser visto aqui. Enquanto @s amig@s escaladorxs do Fábio se organizavam para colocar a Ghost Bike no alto de um poste, uma galera fez uma rolha travando as duas faixas da esquerda, pois a quantidade de ciclistas era grande e queríamos garantir a segurança. Depois de um tempo dois policiais militares começaram a passar por perto da galera da rolha, estávamos com umas bikes viradas e segurando faixas; como “cicloninho escaldado tem medo de puliça”, peguei a câmera e tentei filmar o nome dos policiais, sem muito sucesso – mas eles também nem falaram nada conosco. Algum tempo depois que um policial veio mais agressivo “pedindo” para ocuparmos apenas uma faixa, e tivemos que ceder à gentileza do rapaz. Depois da Ghost Bike fixada no alto do poste (como comentei com o Honesto, se não houvesse ninguém do rolê escalada entre nós, mal conseguiríamos prender a ghost bike acima da cabeça) sob muitos aplausos, começei a ouvir um tumulto perto do poste e fui ver o que era. Havia uma viatura da polícia militar estacionada, dois policiais, um deles com uma prancheta, e a galera gritando “Eu também quero assinar!”, “Ou assina todo mundo ou não assina ninguém”, e logo entendi que os policiais estavam querendo anotar nome e número de documentos de alguém, prática padrão quando há esse tipo de manifestação e abordagem. Achei muito foda a atuação da galera, colocando em prática o princípio da horizontalidade que baliza a bicicletada – tod@s concordavam com o evento e com o que estava acontecendo, não existiam líderes, logo não fazia sentido somente uma pessoa fornecer seus dados. Mas, infelizmente, a cultura da representatividade ainda nos permeia de forma grudenda e subreptícia, e uma pessoa, com a melhor das boas intenções sem sombra de dúvidas, foi contra o coro da galera e forneceu seus dados para o policial; achei isso ainda mais problemático pois a polícia, até onde sei, não havia detido ou ameaçado prender ninguém, apenas disse “só saio daqui com os dados de alguém”, como uma criança birrenta – por mim, a gente seguia a bicicletada e deixava ele lá, esperando alguém fornecer os dados até hoje.

Depois disso, a bicicletada seguiria até a 10ª DP (Botafogo) tentar dialogar com a Delegada titular para saber a quantas andava o processo, a investigação e essas coisas. Mas, ao atravessar a pista, para seguir pela direita até a delegacia, um motorista avançou o carro contra as pessoas que faziam a rolha, atropelando e machucando um rapaz; isso foi suficiente para elevar os ânimos, principalmente de um rapaz que já estava exaltado desde a concentração, se dizia amigo do Fábio e estava o tempo todo gritando contra os carrose e jogando coisas na rua para impedir o trânsito – cada pessoa lida com suas dores de alguma forma, não foi um amigo meu que morreu então não me sinto muito apto a julgar a pessoa. Como eu ainda estava chegando, demorei pegando minha bike que ficou virada fazendo a rolha lá atrás, quando cheguei só vi algumas pessoas golpeando o capô do carro e a lateral do carro (algumas com as mãos, outras com as bikes), e muitas outras tentando evitar a confusão – de quem eu sei nomear, vi o Naldinho (cuja tranquilidade foi essencial nesse momento) e o Jayme. O resultado foi que o psicopata armado ficou com o carro amassado, os policiais que ainda estavam por ali vieram interceder, houve algum diálogo mas as pessoas preferiram seguir com a bicicletada; minha pulga atrás da orelha com a polícia me fez ficar no local para ver como seria a ação deles, e me surpreenderam positivamente pelo modo como agiram (com as expectativas baixas em relação à polícia, claro, isso não quer dizer muita coisa, mas ao menos recorreram primeiramente ao diálogo e não ao spray de pimenta, empurrões e cacetetes, como minha memória não se cansa de me lembrar), responderam minhas dúvidas sobre como o rapaz atropelado deveria proceder e aparentemente fizeram o que deveria ser legalmente feito em relação ao assassinorista. Dali, segui com mais duas ou três pessoas que ficaram para a delegacia.

Quando cheguei, a coisa já tinha “se consolidado”, pois a delegada não estava e só ela poderia disponibilizar informações sobre as questões relativas ao atropelamento. De lá, uma galera seguiu para a praia do Leme, para o aniversário de um ciclista, e nesse trajeto pude trocar uma idéia interessantíssima com a Bibi sobre bicicletas, principalmente sobre fixas – o resultado dessa conversa, somada a muitas outras coisas, vocês devem ver logo logo aqui pelo blog.

Acredito que é isso, ao menos da minha memória e do meu ponto de vista. Que parem os atropelamentos e que venham as próximas bicicletadas, cada vez mais combativas e recheadas de pessoinhas “sinistras e interessantes” (entendedorxs entenderão).

=D

Voltando de Aldeia Velha

Ficamos 3 dias em Aldeia Velha, mesmo tendo que pensar/planejar a volta desde o primeiro dia, aproveitamos bastante o lugar. Vejam abaixo um pouco de que teríamos que deixar para trás:

Ducha natural.

Ducha natural.

Manga colhida no pé

Manga colhida no pé

Rio

Rio

Já na ida, com todas as furações de pneu, temíamos um pouco a volta. Havíamos gastado mais dinheiro do que esperávamos, assim voltar gastando o mínimo possível foi (tinha que ser) o objetivo da pedalada da volta. Depois, é claro, do objetivo de garantir que a viagem não tivesse muitos estresses. Acreditem, remendar a câmara de ar muitas vezes seguidas, não é muito legal.

As opções mais viáveis que víamos pela frente eram: 1- Ir até Casemiro de Abreu, tentar comprar câmaras de ar novas e comprar passagens para voltarmos de ônibus (as câmaras de ar seriam necessárias pois mesmo pegando ônibus teríamos que pedalar no mínimo uns 40 km ainda para chegar em casa) ; 2- Ir até Casemiro de Abreu, tentar comprar câmaras de ar novas e voltar o caminho todo pedalando. Não tínhamos noção do valor da passagem de õnibus e resolvemos perguntar para um pessoa que estava no mesmo lugar que a gente. Ela nos informou que a passagem Casemiro-Rio custava uns 30 reais e que em Rio Bonito encontraríamos um ônibus que custava uns 10 reais. Com essa informação surgiu uma outra opção: 3- Pedalar até Rio Bonito e tentar pegar lá o ônibus para o Rio de Janeiro. Chegado o dia de ir embora ainda não sabíamos o que fazer para voltar. Perguntamos à outras pessoas que estavam lá e elas nos disseram que o valor da passagem Casemiro-Rio na verdade era 40 reais e que o ônibus que saía de Rio Bonito não possuía bagageiro (precisaríamos deles para colocar as bicicletas). Depois de muito pensar decidimos encarar o caminho todo indo dormindo pelo caminho quantas vezes fosse necessário e com as coisas para bicicleta que já tínhamos (sem comprar câmaras de ar novas). A ideia era sair de lá de noite e pedalar de madrugada para fugir do sol. Bem perto da hora de saírmos um dos responsáveis pelo lugar disse que considerava o trajeto Rio Bonito-Rio de Janeiro perigoso e propos que saíssemos na parte da manhã bem cedo ou então de lá de madrugada. Paramos para pensar novamente e decidmos sair às 19h, chegar em Rio Bonito por volta de 1h, dormir em frente a UPA 24h de Rio Bonito e pela manhã continuar a pedalada.

Fim de tarde na estrada que liga Aldeia Velha à BR 101.

Fim de tarde na estrada que liga Aldeia Velha à BR 101.

BR 101 de noite.

BR 101 de noite.

O clima de finalzinho de tarde estava muito agradável. E foi com o “calorzinho” do dia indo embora e com o “geladinho” da noite chegando que pedalamos os primeiros oito quilômetros. Chegamos na BR101 e estava começando a escurecer, dois caras em um carro perguntaram para onde estávamos indo e nos desejaram boa sorte. Rapidamente já estava muito escuro e, para quem não teve oportunidade de conhecer, este trecho da BR não tem nenhum tipo de iluminação. Imaginamos que isso deve acontecer por não existir pessoas morando ao longo da estrada (Só houve iluminação de postes quando passamos pela entrada de Silva Jardim; quando passamos pelo pedágio; próximo à postos de gasolina e lanchonetes de beira de estrada). Embora concordemos com a redução de gastos com energia elétrica, pensamos que as estradas poderiam ser iluminadas (com energia solar, por exemplo) por uma questão de segurança. Um caminhão passou pela gente com os faróis apagados e teve uma ponte que só vimos muito em cima, pois não havia sinalização adequada ou ela ficou “escondida” no escuro. Na bicicleta da Cicloninha havia um lanterna de led na frente que ajudava bastante, mas não ajudava o suficiente pois a cestinha “barrava” a luz produzida pela lanterna. Outros itens que foram importantes nesse momento foram os sinalizadores traseiros (além das fitas reflexivas do alforge e dos “olhos de gato”), o da Cicloninha ia no bagageiro e o da Cicloninho no capacete. Constatamos que conseguíamos ser vistos pelos carros quando paramos em um posto para calibrar os pneus. Lá, um caminhoneiro nos abordou e disse que de longe viu uma luzinha piscando e ficou intrigado tentando ver o que era aquilo e que até diminuíra a velocidade. Ele ainda aconselhou que não pedalássemos de madrugada devido às altas velocidades que carros e caminhões alcançam naquele horário. Para o Cicloninho este foi um dos melhores momentos/horarios para pedalar, ja Cicloninha ficou um pouco tensa com medo dos automoveis e de buracos no acostamento, mas ainda assim estava gostando de ter diminuído o tempo de pedalada no sol. Já perto de Rio Bonito, por causa da iluminação inexistente, adivinhem o que aconteceu com o Cicloninho… Pra quem pensou em “furou o pneu”, acertou. Na descida de um viaduto, Cicloninho não viu os sinalizadores de chão (colocados para acordar motoristas que por ventura dormissem ao volante e perdessem a direção). Como estava próximo de Rio Bonito, não nos preocupamos muito e começamos a empurrar as bicicletas. “A UPA fica logo depois desse Viaduto…” Fim do viaduto. Cadê a UPA? Como na ida entramos em Rio Bonito, perdemos um pouco da noção do quanto “economizamos” de BR. Ainda faltavam uns 3km para a UPA.

UPA bonitinha por fora, mas sem papel higiênico, toalhas de papel e sabonete no banheiro

UPA bonitinha por fora, mas sem papel higiênico, toalhas de papel e sabonete no banheiro

Chegando na UPA, eram quase meia noite, viramos algum tipo de atração, nos “instalamos” do lado de fora, mas as pessoas de dentro vinham para nos observar.Para o azar do Cicloninho, que não gosta de ser observado enquanto faz alguma coisa, um funcionário se acomodou em um banco próximo e ficou observando todo o processo de remendo da câmara de ar. Veio até nós uma mulher (esquecemos o nome dela) que estava com seus dois filhos, um deles estava com suspeita de dengue, dizendo que gostava muito de andar de bicicleta e logo estava contando de sua vida. Demos uma receita de bolo de chocolate vegan e ela nos deu conselhos amorosos (XD). Ficamos com vontade de pedir para dormir na casa dela, mas não tivemos coragem de falar.

Parada para almoço e descanso na BR 493

Parada para almoço e descanso na BR 493

Foi um pouco díficil dormir. Primeiro tentamos dormir nos bancos, mas não conseguíamos “achar posição”. Cochilava um pouco. Acordava. Cochilava mais um pouco. Sentava. Tentava dormir sentad@. Deitava novamente. Somente depois de colocarmos o etaflon no chão e deitarmos nele que conseguimos dormir. Vale lembrar que os bancos pareciam ser “anti-mendigos”, com assento inclinado ao invés de reto. Acordamos um pouco depois de 6h, tomamos “café da manhã” (banagoiabadas, “pit stop”, amendoim) e partimos. O dia estava nublado, perfeito para pedalar. Por volta de 08:30h, fizemos uma parada pois o pneu da bicicleta do Cicloninho furou, e tomamos um segundo café da manhã (um copo de leite de soja com amendoim). Quando estávamos na BR 493, trecho Manilha-Magé, o cansaço já batia em Cicloninha, e como o acostamento nessa parte é cheio de buracos, a pedalada ficava mais devagar e pesada. Tínhamos uma dúvida: não sabíamos se íamos para Magé ou se íamos direto para casa. Cicloninha queria tentar ir direto para casa, mas Cicloninho dizia que naquele ritmo iria ser complicado. Depois de uma parada para almoçar com a duração de mais ou menos 1h, resolvemos ir direto para casa. Chegamos em casa entre 16h e 17h.

Foram muito importantes para a realização dessa viagem as dicas do Ernesto, a ajuda de familiares que costuraram uma coisa ali e emprestaram alguma coisa aqui, a “moral” que os caras do Cicle Parque Paulista deram nas nossas bicicletas, além dos fóruns na internet, Pedal e Mochileiros.

Acidente na BR 101. Na volta vimos painel eletrônico indicando 117 acidentes nos nove primeiros dias de 2013.

Acidente na BR 101. Na volta vimos painel eletrônico indicando 117 acidentes nos nove primeiros dias de 2013.

A primeira Bicicletada carioca de 2013

Ontem, sexta-feira dia 25-01-2013, vi pelos emails da lista da Bicicletada que aquela era a última sexta-feira do mês, logo teria bicicletada; passar quase a semana toda em casa, entre o computador e a construção de um forno solar foi o principal motivo que me fez querer ir. Comecei a me preparar ainda pela manhã, fazendo as coisas devagar, e assim fui vendo o que precisava; a primeira coisa era comprar um pneu novo, pois o que estava na bicicleta era o que rasgou na viagem, e obviamente precisava ser trocado. Comprei um CST (um chinês-qualquer-coisa) 700×23 por R$32,90 em uma loja aqui perto mesmo, o que acabou com o dinheiro que eu tinha na carteira – na verdade, me deixou com R$2,00. Cheguei em casa e fui trocar o pneu, pensei que talvez fosse melhor colocar o pneu novo na roda traseira, mas o trabalho de tirar os dois pneus me fez optar por trocar só o dianteiro mesmo. Depois fui dar uma olhada nas ferramentas, aproveitei pra dar uma ajustada na altura do selim (que estava levemente alto) e prender melhor a trim-trim no guidão e o pisca no capacete. Tomei um banho, tasquei vaselina entre as pernas (e, dessa vez, pude nitidamente perceber que faz uma considerável diferença), coloquei a roupa, cartucheira com carteira, celular e canivete suíço, prendi a bolsa de ferramentas no bagageiro com um extensor e fui embora – saí de casa exatamente 16:55.

O começo da pedalada foi tranquilo, eu estava empolgado e pedalando bem rápido, o que me faz sentir muito bem. Mas com menos de vinte minutos de pedal a minha condromalácia patelar mostrou que está em mim pra ficar, e meu joelho esquerdo começou a doer h-o-r-r-o-r-e-s – eu não iria conseguir chegar em lugar nenhum com aquela dor miserável, dessa vez veio bem mais rápido e muito mais forte do que da vez indo para Rio das Ostras. Eu já estava determinado a pegar o retorno do Reduc, alguns km à frente, e voltar pra casa, dolorido e frustrado, mas a dor simplesmente começou a desaparecer – aproveitei pra “dar um gás” novamente, o que foi muito bom para o ânimo. A desgraçada do dor voltou, mas aí ela me pegou mais combativo, e eu decidi que iria chegar na bicicleta, dor nenhuma iria me impedir – tinha o detalhe de ter que voltar, mas optei por não pensar nisso, uma coisa de cada vez. A dor foi me acompanhando, intermitentemente, o caminho todo; eu desci a Rio Branco já “mancando” de dor, tava foda, mas eu consegui chegar. Vi uma pessoa lá em frente ao Odeon que muito provavelmente estava lá para a Bicicletada, e fui em sua direção; sim, estava lá para juntar-se à pedalada, e seu nome era Marco (pela forma como ele pronunciou, acredito que essa é a grafia, mas eu bem sei como esse mundo de Marco/Marcos/Marcus é complicado…  XD). Logo depois chegou o Jaime, uma menina que esqueci o nome, um cara numa dobrável, e assim a bicicletada foi enchendo de pessoas e pedais; foi muito PHoDa ver o Honesto chegando de bigode, e melhor ainda ouvir ele dizendo que só mandou o bigode porque não anda de fixa, senão já era demais. Fiquei incomodado de ver a galera bebendo cerveja, algumas pessoas duas, três latinhas; não me parece sensato dizer que pedalar pela Brasil é perigoso e optar por pedalar no Centro sob influência do álcool – deu uma saudadinha da época que podíamos brincar e chamar de xBicicletadax (entendedorxs entenderão). Conforme foi escurecendo as pessoas começaram a se juntar e tentar decidir um trajeto, de uma forma mais-ou-menos coletiva (algumas pessoas centralizaram a discussão, acho que poderia ter sido evitado com um pouco mais de cuidado), e a decisão foi de irmos até o Cais do Porto e depois voltar pela Av. Passos, parando ali em frente ao Odeon novamente.Aí teve um momento que eu desgostei, que foi a galera posando pra foto do Globo, parece que uma repórter que está escrevendo sobre mobilidade urbana acompanhou a bicicletada e tinha a pessoinhas das fotos também; tentei ficar de costas na hora das fotos, mas acho que teve uma que me pegou bem de frente – isso, em si, não é lá grande problema (ou é, não parei pra avaliar melhor ainda), mas tenho críticas à relação da grande mídia com os movimentos sociais. Esse tipo de reportagem, onde a galera é só cenário, ninguém efetivamente entrevistou a bicicletada e tal, acho evidentemente escrota – vou tentar desenvolver isso melhor em outra oportunidade. Eu fui o caminho todo trocando idéia com o Honesto, e foi uma pedalada curta, mas como eu não prestei muita atenção por conta da conversa, não tenho muito a dizer – pra mim, foi extremamente agradável pedalar e conversar com o Honestino, que eu não via há algum tempo. Em algum momento do trajeto as pessoas decidiram ir para a Pedra do Sal, aí mudamos alguma coisa no trajeto, achamos uma faixa compartilhada que liga nada a lugar nenhum (o que não é novidade do Rio), e chegamos; eu achei desagradável, estava um barulho alto e muita gente, coisas que eu velhamente não aprecio. Troquei idéia com algumas pessoas, depois Ana, Honesto e eu partimos pra encontrar uma galera e ir pra casa do Honesto, onde passei a noite rindo, vendo vídeos, discutindo coisas como “estrogonofe é ou não uma vitamina de carne?” e ouvindo pessoas esperarem eu dormir para falarem da minha tatuagem.

A volta foi bem tranquila, fui até a Lapa pedalando com o Honesto, ele tinha que passar em umas lojas de ferramentas pra comprar coisas para repintar pela terceira vez a bike dele, pois a pintura que ele fez não ficou boa, daí ele levou pra um cara “”profissional”” pintar e a tinta saía de passar a unha. O joelho deu uma incomodada logo que saimos da casa do Honesto, mas de resto não deu sinal de que ia implicar não; agora está doendo, estou dando umas mancadinhas pra andar, mas por experiência sei que amanhã vai estar tudo novo.

E aí galera, partiu bonde da baixada pra bicicletada todo mês?

=D

Gambiarras e alternativas: o que funcionou nessa viagem

Como vocês já devem ter percebido no post sobre os alforges e no post sobre o que levar em uma viagem de bicicleta procuramos alternativas mais baratas e tentamos produzir nós mesm@s algumas coisas. Fazemos isso porque, além de não termos muita grana, acreditamos que temos que nos apropriar do processo de feitura das coisas e além disso tentamos transformar esse processo num ciclo. Se você não tem esse hábito, dificilmente conseguirá identificar coisas que podem virar outras coisas ao seu redor. Comece a montar um kit de costura e vá enchendo aos poucos com os botões daquela roupa que já  não serve nem para pano de chão, com o pedaço daquela blusa que rasgou… e você começará a perceber como coisas podem virar outras coisas. As gambiarras e alternativas que usamos na viagem foram:

– Confeccionamos nossos ALFORGES: Os alforges funcionaram super bem. Tivemos alguns probleminhas que foram facilmente resolvidos: 1- Colocamos um saco de lixo grande dentro de cada alforge para evitar que as coisas molhassem quando pegasse chuva. 2- Cicloninha colocou as coisas mais pesadas do alforge para frente, isso fez com que o alforge parasse de entrar na roda. 3- Cicloninho amarrou os alforges com barbante puxando-os para trás, isso impediu que continuassem batendo no pedal. 4- Utilizar velcro para fechar o alforge não foi uma boa alternativa, pois ele soltava. Se não fosse o saco de lixo no alforge da Cicloninha, as coisas iriam ter ficado expostas o tempo todo. O Ernesto dá umas dicas aqui.

Etaflon funcionando como bom isolante térmico quando dormimos em frente da UPA em Rio Bonito (spoiler do relato da volta)

Etaflon funcionando como bom isolante térmico quando dormimos em frente da UPA em Rio Bonito (spoiler do relato da volta)

– Compramos etaflon aluminizado ao invés do ISOLANTE TÉRMICO tradicional: Fazendo uma rápida pesquisa na internet, descobre-se logo que o isolante térmico para colocar no fundo da barraca é essencial. Achamos um pouco caro (acho que gastaríamos uns 60 reais em média) e fomos pesquisar alternativas. Na internet, encontramos algumas dicas e acabamos indo parar em uma dessas lojas de plástico do centro do Rio de Janeiro. Lá fomos vendo e analisando vários materiais. Palmilha, carpete, placa de EVA, peleja, até que a vendedora indicou etaflon, quando vimos o que era identificamos na hora que era a manta de polietileno (aquele material usado pra fazer “macarrão” de piscina), que havia sido indicada por algumas pessoas nas internetz. Compramos 2,00×1,20 de etaflon aluminizado com 2mm de espessura e 2,00X1,20 de etaflon normal com 8mm de espessura. Saiu tudo por menos de 30 reais e funcionou muito bem. Essa manta gera mais volume do que o isolante tradicional, mas é muito leve. Ainda não sabemos o quanto ela dura.

– Fizemos FITAS ANTI-FURO: As fitas anti-furo caseiras são feitas com tiras de garrafa pet e fita adesiva (silver tape). Cicloninho há um tempo atrás havia feito para os pneus da sua speed . Acabou não dando muito certo, mas ele utiliza, sem problemas, essa mesma fita na bicicleta “rabugento” (a bicicleta que tem todas as folgas do mundo e “reclama” muito). Cicloninha resolveu fazer para a viagem. Mas as fitas acabaram se partindo nas emendas, pois na hora de emendar as tiras de garrafa pet, Cicloninha colocou uma de frente para outra e não uma sobre a outra (maneira como Cicloninho fez as suas). Acreditamos que essas fitas que causaram os furos nas câmaras de ar dos dois pneus da Cicloninha.

Situação da fita anti-furo que foi se desfazendo (a qualidade da silver tape pode ter influenciado também)

Situação da fita anti-furo que foi se desfazendo (a qualidade da silver tape pode ter influenciado também)

– Confeccionamos CARTUCHEIRAS: Um cinto de utilidades no maior estilo Bátima, para que fique sempre ao alcance da mão coisas que você deseja ter em fácil acesso. A Cicloninha pegou uma cartucheira emprestada, com dois bolsos, um em cada lateral do corpo; Cicloninho fez uma a partir de uma “cintura” de calça jeans velha, aproveitou um bolso da calça e colocou na cartucheira pra levar a carteira, fez um bolsinho pequeno bem na frente pra levar o canivete suíço (que foi bem útil em vários momentos), um bolso logo ao lado para o celular e um bolso do outro lado para qualquer outra coisa, que acabou servindo para levar bananadas e outras pequenas coisas pelo caminho

Alforge que não fechava e bolsinha de hidratação

Alforge que não fechava e bolsinha de hidratação (acho que dá para ver…)

– Improvisamos uma MOCHILA DE HIDRATAÇÃO: Para auxiliar na dificuldade de Cicloninha em beber água com a bicicleta em movimento, Cicloninho pegou uma garrafa mineral pequena, fez um furo na tampa e colocou um pedaço de garrote (liga, goma… depende do lugar que você mora); e emprestou uma bolsinha também confeccionada por ele para que a garrafinha pudesse ficar ali dentro. A ideia era, depois de pendurada a bolsa no corpo com a garrafinha dentro, passar o garrote po trás do pescoço, prendê-lo em algum lugar do capacete ou roupapara que o garrote chegasse facilmente na boca. Deu (mais ou menos) certo. O gosto de borracha era forte e a Cicloninha sempre esquecia de prender o garrote.

Recentemente recebemos uma crítica por fazermos “gambiarras” em um grupo sobre Viagens de Bicicleta no Facebook:

Comentário sobre este blog e nossa proposta

Comentário sobre este blog e nossa proposta

A pessoa retirou seu comentário, por isso postamos o print da página aqui. Só não temos o segundo comentário que a pessoa fez, no qual diz que a sua crítica foi porque a bicicleta é algo que precisa seguir algumas normas de segurança, como os carros. Talvez a pessoa tenha mudado de ideia e por isso retirou os comentários, vai saber…

O que acham disso? Se vocês já tiveram experiências, boas ou ruins, com gambiarras e alternativas contem pra gente nos comentários!

– Cicloninh@s