Há bastante tempo que eu penso em comprar uma barraca de camping; embora eu não possa acampar o tanto quanto gostaria, a barraca é necessária para isso, além do poder me ajudar em outras atividades que participo. Com o planejamento inicial para essa viagem, onde certamente vamos acampar, por opção, surge a necessidade de comprar a barraca, e é então que surge a questão: qual barraca comprar?
Uma coisa que já tinhamos em mente, por conversas com pessoas com alguma experiência em acampar, é que a barraca precisa ser para (quantidade de pessoas que vão usá-la + 1) pessoas – essa “pessoa adicional” seria para a bagagem. Pensavamos também que a resistência a chuvas era outro fator importante a considerar, para não passar perrengues sinistros. E, seguindo algo que percebi ser tendência entre quem não sabe nada e vai comprar a primeira barraca, acreditava que quanto mais “para o frio” a barraca fosse, ou seja, mais fechada e robusta, melhor.
Ano passado, cicloninha e eu começamos a pensar em acampar, mas não em uma viagem de bicicleta (isso acabou não acontecendo por uma confluência de fatores). Ela chegou a ir em uma loja de camping na rua Buenos Aires, centro do Rio de Janeiro, dar uma olhada em preços e tentar levantar algumas informações. Nessa loja, um casal lhe deu a dica de comprar uma barraca da marca “Nautika”, pois assim teria a segurança de não ter imprevistos com água e chuva. Ficamos com essa recomendação na cabeça.
Pesquisando pelas internetz, conseguimos reunir algumas informações úteis e nos baseamos nelas para comprar a nossa barraca; por questões de tempo, não conseguimos fazer uma pesquisa muito diversificada, comparando várias opiniões, portanto, preferimos apostar em conteúdos que parecessem confiáveis e lê-los com atenção. O que nós conseguimos descobrir foi:
– As barracas possuem, grosso modo, duas estruturas principais: o quarto (a parte onde as pessoas ficam, fechadinha) e o sobreteto (uma “lona” que cobre o quarto, que dá a proteção contra sol e chuva). Em alguns modelos essas estruturas podem ser uma coisa só, mas o melhor é comprar um modelo onde sejam coisas separadas;
– Existem barracas que só ficam montadas ao afixá-las no chão, e outras onde o quarto fica montado “sozinho”, sem precisar afixar os espeques (“espetos”) no chão – essas são chamadas de “autoportantes”. A vantagem de uma barraca autoportante é a praticidade, pois você pode montar a barraca sem grandes preocupações quanto ao locar exato, pois depois de montada ela poderá ser transportada de lá pra cá; isso ajuda bastante, por exemplo, ao acampar em dupla, pois uma pessoa pode ir procurando o local ideal para montá-la (com abrigo de ventos fortes, no ponto mais alto do terreno…) enquanto a outra monta a barraca;
– A medida da proteção contra chuva das barracas é geralmente dada em milímetros de coluna d’água. 1000mm é um bom número, mas o mínimo ideal para um clima como o do Rio de Janeiro (possibilidade de chuvas fortes) é 1500mm. Coluna d’água é uma unidade de medida metereológica, mede a quantidade e intensidade da chuva, e é calculada captando-se a chuva em um recipiente de um metro quadrado, depois colocando essa água em um tubo vertical (esse tubo é a coluna d’água). Mas a coluna d’água não é o único fator a se considerar, pois a água pode entrar pelas costuras se elas não forem seladas, se a impermeabilização não estiver boa (de tempos em tempos é bom cuidar disso, reaplicando um impermeabilizante no sobreteto da barraca) e se houverem falhas, furos e cortes na estrutura;
– Uma barraca bem montada é essecial para evitar problemas. Li um relato de uma pessoa que usou uma barraca “fraca” (segundo a própria pessoa) nas chuvas de Angra dos Reis (conhecidas por sua inclemência) e não teve problemas, exatamente por ter montado-a com perfeição. Assim, treinar a montagem antes de usar a barraca “à vera” faz muita diferença;
– A condensação (transformação do estado gasoso para o líquido) é algo a se preocupar, de verdade. Isso porque o calor que vamos gerar na barraca à noite, ao se chocar com o teto frio, pode virar água suficiente para impedir a noite de sono. Para que isso não aconteça, dois cuidados são essenciais: que a barraca seja montada de forma que o sobreteto não encoste no quarto, quanto mais espaço entre eles melhor; que a barraca possua boa ventilação, e isso se reflete na quantidade de área telada (mosquiteiro) que ela tiver. Assim, minha idéia de que uma barraca pra montanhismo (toda fechada, também conhecida como “quatro estações”) me manteria seco é falsa;
– Barracas com “avanço” (uma parte como uma varadinha para a frente da barraca) ajudam bastante, pois proporcionam uma espaço para tirar calçados sujos fora da barraca, cozinhar quando estiver chovendo o mundo, e ainda pode te dar mais umas horinhas de sono se você montar a barraca virada para o sol nascente (leste), ou permitir uma sombrinha no final do dia se montá-la para o sol poente (oeste) – para isso, leve uma bússola;
– O peso da barraca é algo a se considerar, principalmente se vamos de bicicleta. Eu, pessoalmente, coloquei isso em último lugar na lista de prioridades ao escolher a barraca, mas ainda estava na lista (cor, formato e coisas assim, por exemplo, não estavam) – ainda posso me arrepender amargamente disso;
– Quanto às marcas, a mais recomendada foi a “Trilhas e Rumos”, que vi em um site como “consenso entre campistas”; existem outras marcas boas, mas sempre achei uma ou outra reclamação, e realmente não vi reclamações quanto a essa marca;
– O custo, obviamente =]
Levantadas todas essas informações, optamos pela “Super Esquilo 2”, da Trilhas e Rumos. Ela foi apontada por mais de uma pessoa no fórum do mochileiros.com como “pau pra toda obra”. Tem uma coluna d’água de 2000mm, é autoportante, tem um avanço bom, sobreteto separado do quarto, boa área telada, pesa um pouco mais do que as outras do mesmo “nível” e tem um preço razoável. Compramos a nossa ontem no centro do Rio de Janeiro mais barato do que pelas lojas da internet – nós tinhamos ido para uma loja específica com o mesmo preço apontado na internet, mas no caminho achamos outra loja com ela mais barata.
Em breve, relatos e fotos dos testes com ela!
– Cicloninho