O que levar em uma viagem de bicicleta

Segunda viagem de bike do Cicloninho e primeira viagem minha de bike, conversamos e decidimos levar os seguintes itens:

Barraca
– Isolante Térmico
     – 2mX1,20m de Etaflon de 2mm aluminizado
     – 2mX1,20m de Etaflon de 8mm
Manutenção das bicicletas
     – Câmaras de Ar
     – Estojo de ferramentas
          – Chaves de boca
          – Chaves Allen
          – Espátulas para retirar pneu
          – Adaptador de válvula
          – Bomba
          – Cabos de freio
          – Cabos de marcha
          – Esponja
          – Saca Corrente
          – Sapatas de freio
          – Canivete com chaves e alicate
          – Kit de Remendo
Higiene
     – Sabonete de coco
     – Escovas e pasta de dente
     – Hidratante
     – Desodorante
     – Shampoo e Condicionador
     – Repelente
     – Talco
     – Protetor Solar
     – Vaselina Líquida
Remédios e Primeiros Socorros
     – Pacote de gaze esterilizada
     – Antisséptico
     – Atadura elástica
     – Atadura normal
     – Paracetamol
     – Dipirona
Gambiarra
     – Coisas de costura
     – Braçadeiras
     – Ganchos
     – Barbante
     – Tesoura
     – Câmara de ar aberta
     – Durex ou outra fita
     – Caneta marca CD
Pessoais
     – Cartucheira
     – Caderno com caneta
     – Câmera com carregador
     – Canivete Suíço
     – Bússola
     – Lanterna recarregável com rádio
     – Faca
     – Celular com carregador
     – Óculos escuros
     – Roupas Cicloninho
          – Toalha de banho
          – Bermuda de ciclista
          – 2+1 bermuda de tecido que seque rápido
          – 2+1 camisas sem manga, preferencialmente brancas
          – 2+1 cuecas
          – 1+1 pares de meia
          – Joelheira elástica
     – Roupas Cicloninha
          – Dois shorts de tecido que seque rápido
          – Vestido leve e fácil de lavar
          – Toalhinha
          – 1+1 pares de meia
          – Caderno com caneta
          – Celular com carregador
          – Top
          – Blusa leve branca
          – Toalha de banho
          – Bermuda de ciclista
          – 2 blusas leves
          – Óculos escuros
          – Calcinha e biquinis
Comida
     – Bananada
     – Biscoito salgado (Pit Stop)
     – Mingau semi-pronto
     – Açucar e sal
     – 500g de Lentilha
     – 4 pacotes de Miojo
     – 1kg de arroz
     – Leite de soja em pó
     – Colher de pau
     – Talheres
     – Fósforo e isqueiro
     – Espiriteira a álcool
     – Panela tipo caçarola

Fazendo os alforges

Para a viagem que eu fiz com o Honesto para Rio das Ostras eu fiz um par de alforges, bem simples – dois “sacos” de material impermeável (que não sei direito o nome, se é “courino”, “napa”, “corvim”…), mais ou menos quadrados, com ganchos para prender no bagageiro de trás. Mas esses alforges não me agradaram 100%, por alguns problemas que apresentaram com o uso: ficaram um pouco grandes, batendo no meu calcanhar quando pedalava – isso se deu pois, na hora de medir, eu coloquei o meio dos pés no pedal, e não é com essa parte que pedalo, mas sim com a parte atrás dos dedos, então esses centímetros fizeram diferença; não planejei direito algo para prendê-los na parte de baixo, acabei improvisando uma amarração que rasgou o tecido; eles não ficaram exatamente quadrados, pois visualizei uma coisa, mas como fiz na noite anterior à viagem, a pressa me levou por um caminho diferente, o que me fez perder espaço no alforge. Mesmo com esses problemas, os alforges serviram bem à viagem, principalmente como experiência. Agora, com o planejamento para outra viagem, surgiu a necessidade de fazer novos alforges.

Achei a idéia de fazer de um material impermeável boa, mas como tinha um bom pedaço de uma espécie de lona aqui em casa dando bobeira, fui pela economia. Quanto ao formato não tem muito mistério – existem alforges com um desenho mais “recortado”, para aproveitar melhor o espaço disponível, outros com divisões externas e internas, bolsos e fechos em vários lugares… mas para alguém com limitadas habilidades de alfaiate como eu, quadrado/retângulo básico já está bom. Dessa vez, no entanto, eu escolhi fazer eles um pouco maiores “para cima”, ou seja, com alguns centímetros passando do bagageiro, os ganchinhos de fixação prendendo depois de 1/3 do alforge mais ou menos – para essa viagem, com certeza vai dar certo, pois a barraca vai no bagageiro, fazendo altura suficiente para “apoiar” esse excesso de alforge na própria barraca. Para prender em baixo usei duas tiras com fivela de alguma bolsa velha, que fecham com o esquema de pino e furo, como pulseiras de relógio. Costurei duas fitas na parte traseira, já que os alforges junto com a barraca vão bloquear meu refletor traseiro, uma fita laranja fluorescente e uma fita cinza/branca reflexiva – o ideal era uma fita reflexiva vermelha, mas como não achamos, foram essas mesmo. Prendi a tampa do alforge com um fecho simples, daquele tipo que tem em alça de mochila, e coloquei um bolso que tirei de um calça jeans velha em cada tampa, para levar coisas pequenas que tem que ficar mais à mão (protetor solar, dinheiro, talvez as ferramentas). Costurei  a grande maioria dele na máquina, cortei segundo medidas que tirei na bike (mas devido à minha inabilidade, ficou bem torto), e fiz estilo caixa mesmo: frente, trás, laterais, fundo e tampa. Algumas coisas teriam dado menos trabalho se eu tivesse mais habilidades e me planejado melhor, como por exemplo costurar as fitas reflexivas, que só lembrei depois de prontos os alforges.

No primeiro teste que fiz, os alforges se mostraram bons, mas apresentaram o problema de ficar batendo na roda – solucionei o do calcanhar, no entanto. Olhando bem, percebi que era pelo peso somado ao fato dos ganchos que os prendem na bike permitirem certa mobilidade; assim, no treino improvisei uma amarração com barbante, passando pelos dois e prendendo no canote, assim puxando eles um pouco para frente e resolvendo o problema. Uma solução definitiva para isso seria colocar algo rígido por dentro, fazendo a parte de trás se manter sempre reta e não sobrar nada solto para ficar batendo na roda; no entanto, quero evitar colocar mais peso e ocupar espaço no alforge, mesmo que seja só uma peça de papelão encapada. Vou tentar fazer uma alça que ligue os dois por cima da barraca, se não resolver eu coloco algo por dentro mesmo.

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Visão geral dos alforges

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Detalhe do bolso e fecho da tampa

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Detalhe da parte de trás, com os ganchos e fivela

– Cicloninho

Não tinha uma ideia exata de como seria um alforge, o que eu tinha como referência era o que o Cicloninho pela primeira vez. Com base neste exemplo, comecei a procurar (nas caixas com vários pedaços de pano que tenho aqui em casa) por um tecido que fosse grosso (depois pensei que as características mais importantes seriam sintético ou impermeável ao invés de grosso, mas já tinha adiantado o alforge o suficiente para abandonar tudo e continuar do zero) .

Primeira ideia de lateral para o alforge

Primeira ideia de lateral para o alforge

Encontrei um pedaço de jeans “macio” que parecia ser suficiente. Depois de algumas medições no bagageiro da bicicleta, decidi fazer um com 30cm x 30cm. Inicialmente pensei em colocar um pedaço de pano cobrindo o bagageiro costurando cada alforge de um lado desse pano. Depois pensei em colocar ganchos como no alforge do Cicloninho, mas foi impossível encontrar ganchos que encaixassem no meu bagageiro. Acabei voltando à ideia de colocar um pano entre os alforges, e por fim, coloquei dois pedaços de alça de algodão (dessas que se coloca em bolsa estilo “carteiro”) ligando um ao outro e costurei algumas tirinhas para que eu pudesse prender os alforges também nos canotes que prendem o bagageiro na bicicleta. Uma preocupação que vale a pena ter com os panos “que desfiam” (como o que eu escolhi) é passar na máquina overloque (máquina feita para arrematar as bordas dos panos impedindo que eles desfiem) ou fazer costura inglesa (dobrar a borda do pano duas vezes e costurar impedindo que o pano desfie). Não consegui tomar esse cuidado com todas as bordas do meu alforge e agora (prestes a sair de casa) fico com medo de ter alguma surpresa desagrádável no caminho.

Lateral definitiva

Lateral definitiva

Fiz meu alforge em quatro etapas diferentes: comecei a fazer na casa da minha vó (com a ajuda da minha mãe overlocando o que eu já havia recortado), tentei fazer em casa (com muita paciência pois não havia máquina de costura, teria que fazer tudo à mão), contando novamente com a ajuda da minha mãe continuei a fazê-los na casa dela (na verdade ela que costurou para mim :$), e a última etapa foi na casa do Cicloninho, com quem pude “discutir” os últimos detalhes. Algumas coisas que valem ressaltar: 1- foi um alforge de baixíssimo custo, pois a única coisa comprada foram as fitas reflexivas, o restante dos materiais foi reutilizado; 2- para quem não tem muita prática de utilizar máquinas de costura, o acabamento  tende a não ficar muito bom, eu achei que o acabamento do meu alforge ficou à desejar e sei que se eu tivesse feito à mão (ou minha mãe tivesse costurado tudo para mim) ele ficaria mais bonitinho. A falta de intimidade com a máquina de costura (e de coordenação motora) era tanta que o Cicloninho me ajudou bastaaannte nesse momento; 3- É muito importante testar os alforges antes de usá-los. Com uma primeira pedalada rápida pudesse identificar alguns probleminhas e tentar resolvê-los.

Se ele vai “dá para o gasto”, somente na volta posso dizer! =]- Cicloninha

Teste do alforge

Teste do alforge

Mainha costurando

Mainha costurando

Alforges prontos com roupas e etc etc.

Alforges prontos com roupas e etc etc.

Escolhendo o melhor selim

Nas pedaladas que fiz pela Av. Brasil (aproximadamente 30km de ida e 30klm de volta), ficou patente que preciso trocar meu selim; na volta sempre tinha uma sensação de “bunda achatada”, tendo que levantar algumas vezes do selim para aliviar. Para a compra do novo selim, eu tinha duas coisas em mente, retiradas de observações pessoais e conversas/recomendações com pessoas que pedalam: 1- o selim deve ser vazado, para proteger a próstata; 2 – evitar selim de gel, pois ele pode te deixar sem estabilidade por ser mole demais. Antes de comprar qualquer coisa, claro, uma pesquisa; e nessa pesquisa, vi que essas duas certezas que eu tinha são, no mínimo, questionáveis. Entre vários artigos bons que eu li, destaco esse aqui, que trás uma boa quantidade de informações em um só lugar, e é de uma pessoa que pedala muito (participa de Audax), então tem algum know-how.

O que ficou claro nessa pesquisa é que o tamanho ideal do selim tem que ver diretamente com a distância entre os ísquios, que são as protuberâncias ósseas que se projetam do cóccix para a bunda, o osso com o qual a gente senta. Existem vários métodos para medir essa distância, desde os mais caseiros como sentar em cima de um papelão canelado bem macio até os mais sofisticados, que envolvem médic@s e radiografias; para quem pedala, a fabricante de selins “Specialized” fez um equipamento para realizar esse medida de modo simples e rápido, o “assometer” (“bundômetro”, em tradução livre) – trata-se de uma almofadinha onde você senta por uns segundos, seu peso vai deformar temporariamente a espuma, então mede-se a distância entre as partes mais baixas da deformação.

Para não errar nem gastar dinheiro testando selins, como vi muita gente dizendo que fez em alguns fóruns, pensei em encontrar uma loja que tivesse o bundômetro (parece que a Specialized distribui isso em lojas que vendem seus produtos) para comprar o selim mais indicado. Aqui pelo meu bairro as pessoas faziam a maior cara de interrogação quando eu perguntava, e mesmo no centro de Caxias as lojas não tinham a ferramenta. Perguntei então pela lista da bicicletada se ealguém sabia de alguma loja do Rio que tivesse o bundômetro, mas ninguém pareceu saber, apenas surgiram algumas considerações sobre a possibilidade de eu estar sendo fresco em pensar no conforto de minhas nádegas. Sem opções, fiz o meu melhor: tentei medir manualmente a distância entre meus ísquios, com a ajuda de uma fita métrica. O resultado que tive foi de 13cm, e pelo que tinha visto na pesquisa muitos selins são projetados para 130mm, então confiei nesse medida; para não ir às lojas com uma fita métrica, tentei medir pela minha mão, e a distância entre meu pulso e meu dedo mínimo é de, aproximadamente, 13cm, então tomei isso como base. Optei por um selim da Astor, vazado, de espuma, mais estreito e comprido do que o que usava antes; eu nunca usei um selim vazado, então decidi testar dessa vez, espuma pois não achei um de gel e também pelo preço, mais estreito e comprido levando em conta a medida que fiz,  pois parece que para os homens o selim deve ser estreito e comprido do que os das mulheres (falando de uma forma geral, óbvio), por conta do quadril mais largo das mulheres e do períneo maior nos homens. E, claro, sempre uso uma bermuda com forro de espuma, genérica.

Selim novo (2013)

O novo selim, que será testado nessa viagem

Selim antigo (2012)

Selim antigo, reprovado pela Av. Brasil

Selim bike velha

Selim que uso pra percursos de 20, 30km – quem é @ fresc@ agora? XD

Uma pedalada inesperada pela Avenida Brasil

Hoje, por conta de uma complicada conversa e da necessidade de planejar minha aula, não consegui dormir, e tive que vir “virado” para o trabalho. Quando o celular tocou, às cinco da manhã, finalizei o que estava escrevendo, desliguei o computador, tomei banho, me arrumei e sai de casa ainda comendo pão e tomando suco de maça com soja. Quem mora pela Baixada sabe como é complicado a coisa de condução aqui, principalmente para ir para o Centro; eu mesmo pego o engarrafamento da Washington Luís E o da Avenida Brasil, além de depender de uma única empresa displicente que faz o trajeto. Assim, fui caminhando em direção ao bairro vizinho, para pegar o ônibus no ponto final e, quem sabe, conseguir ir sentado.

Cheguei no ponto por volta das 05:40, e uma fila colossal me encarava, desafiadora. Alguns minutos depois, um ônibus parou, por sorte era Avenida Brasil (poderia ser Seletiva ou Linha Vermelha) e algumas pessoas desistiram, formando imediatamente outra fila. Feliz com a rapidez e a possibilidade de ir sentado, quando aproximo meu cartão do validador – pééiinn -, saldo insuficiente. O desânimo tomou conta de mim, tentei mais uma vez, na vã esperança que fosse um erro da máquina – não era. Como eu não tinha dinheiro nenhum comigo, só me restava voltar para casa, e no caminho vários pensamentos foram me ocorrendo, muitos no sentido de “não vai dar tempo, agora vou pegar mais engarrafamento ainda, nãovaidartempo”. E então, eis que o óbvio me ocorre: eu poderia ir de bicicleta! Claro, com a viagem se aproximando, eu uniria o útil (treinar e chegar menos atrasado) ao agradável (pedalar). Assim, cheguei em casa, tirei algumas coisas da mochila, coloquei a bermuda de ciclista e uma camisa de naylon (está certa a grafia?), coloquei a roupa de trabalho na mochila, juntei algumas ferramentas, coloquei capacete, peguei tranca e apito, e fui, sem pensar muito.

Saí de casa exatamente às 06:23. Em dois ou três minutos já estava pedalando na Washington Luís, e não via a hora de encontrar o engarrafamento, para ter a sensação boa de “vocês não estão pres@s no trânsito – vocês SÃO o trânsito”. Mas a preocupação com o horário me fez puxar um pouco o ritmo, e a ansiedade fez da minha cabeça um local hostil, com pensamentos chatos – resolvi contar as pedaladas para higienizar a cabeça, e cheguei a 700 e poucas. Quando cheguei na altura da Reduc, tinha um ou mais pneus destruídos na pista lateral, o que me fez pensar no quanto o automóvel é, realmente, um problemão – não que fosse uma reflexão nova, mas qualquer coisa pra ocupar a cabeça ajudava. O engarrafamento estava lá me esperando, na altura do jornal O Globo; como @s motorist@s são incentivad@s a pensar só em si, obviamente o acostamento estava impedido, e os carros fazendo besteiras eram bem comuns. Fui costurando no meio daquele caos, que sumiu por alguns metros depois da divisão Av. Brasil – Linha Vermelha, mas voltou com força na Cidade Alta. Já fui esperando a péssima entrada para a Brasil vinda da Washington Luís, com quase um quilômetro de placas de concreto (eu acho) mal colocadas, que fazem sofrer qualquer pessoa em uma speed – mas esse trecho ganhou um asfalto que eliminou isso, fazendo essa entrada muito melhor.

A Av. Brasil espanta muita gente, coloca medo em tantas outras, mas nunca me causou mais que tédio (a coisa de não ter no que pensar) e irritação (o combate com @s motorist@s, principalmente de ônibus – e @s taxistas, que sei lá porque sempre me importunaram por ali). Olhei o relógio quando entrei na Brasil, e ainda eram sete e poucas, então fiquei mais tranquilo; mas as condições da Brasil e meu ânimo da pedalada me fizeram continuar o trabalho de alfaiate. Nada muito notável na Brasil, nenhuma grande dificuldade. O mais impressionante, algo que eu queria muito que acontecesse mas não apostaria minhas fichas, foi que eu PASSEI O ÔNIBUS QUE EU HAVIA PERDIDO. Ou seja, eu perdi o ônibus por volta de 05:45, andei até minha casa (uns vinte minutos), me arrumei e saí por volta das 06:23, e mesmo assim consegui passar o ônibus. A certeza de que era ele está principalmente em algo que me chamou a atenção quando o vi parado: na lateral, estava escrito “Magé – Petrópolis”; a isso se somou o formato “velho” do ônibus e o letreiro. Cheguei tranquilo no trabalho, consegui tomar uma chuveirada (pena que não trouxe toalha nem sabonete) e sobrou tempo – se o clima permitir, amanhã repito a dose, de bobear com fotos e vídeos!

Ou seja, cheguei mais cedo no trabalho, sem o mau-humor e cansaço do trânsito dentro do ônibus, mais disposto e ainda fiz um exercício! Não preciso de um Desafio Modal pra saber: bicicleta é o melhor meio de transporte no meio urbano!

– Cicloninho

P.S.: Como Murphy olha por mim, provavelmente a volta aguardará surpresas malignas =D

A compra da primeira barraca

Há bastante tempo que eu penso em comprar uma barraca de camping; embora eu não possa acampar o tanto quanto gostaria, a barraca é necessária para isso, além do poder me ajudar em outras atividades que participo. Com o planejamento inicial para essa viagem, onde certamente vamos acampar, por opção, surge a necessidade de comprar a barraca, e é então que surge a questão: qual barraca comprar?

Uma coisa que já tinhamos em mente, por conversas com pessoas com alguma experiência em acampar, é que a barraca precisa ser para (quantidade de pessoas que vão usá-la + 1) pessoas – essa “pessoa adicional” seria para a bagagem. Pensavamos também que a resistência a chuvas era outro fator importante a considerar, para não passar perrengues sinistros. E, seguindo algo que percebi ser tendência entre quem não sabe nada e vai comprar a primeira barraca, acreditava que quanto mais “para o frio” a barraca fosse, ou seja, mais fechada e robusta, melhor.

Ano passado, cicloninha e eu começamos a pensar em acampar, mas não em uma viagem de bicicleta (isso acabou não acontecendo por uma confluência de fatores). Ela chegou a ir em uma loja de camping na rua Buenos Aires, centro do Rio de Janeiro, dar uma olhada em preços e tentar levantar algumas informações. Nessa loja, um casal lhe deu a dica de comprar uma barraca da marca “Nautika”, pois assim teria a segurança de não ter imprevistos com água e chuva. Ficamos com essa recomendação na cabeça.

Pesquisando pelas internetz, conseguimos reunir algumas informações úteis e nos baseamos nelas para comprar a nossa barraca; por questões de tempo, não conseguimos fazer uma pesquisa muito diversificada, comparando várias opiniões, portanto, preferimos apostar em conteúdos que parecessem confiáveis e lê-los com atenção. O que nós conseguimos descobrir foi:

– As barracas possuem, grosso modo, duas estruturas principais: o quarto (a parte onde as pessoas ficam, fechadinha) e o sobreteto (uma “lona” que cobre o quarto, que dá a proteção contra sol e chuva). Em alguns modelos essas estruturas podem ser uma coisa só, mas o melhor é comprar um modelo onde sejam coisas separadas;

– Existem barracas que só ficam montadas ao afixá-las no chão, e outras onde o quarto fica montado “sozinho”, sem precisar afixar os espeques (“espetos”) no chão – essas são chamadas de “autoportantes”. A vantagem de uma barraca autoportante é a praticidade, pois você pode montar a barraca sem grandes preocupações quanto ao locar exato, pois depois de montada ela poderá ser transportada de lá pra cá; isso ajuda bastante, por exemplo, ao acampar em dupla, pois uma pessoa pode ir procurando o local ideal para montá-la (com abrigo de ventos fortes, no ponto mais alto do terreno…) enquanto a outra monta a barraca;

– A medida da proteção contra chuva das barracas é geralmente dada em milímetros de coluna d’água. 1000mm é um bom número, mas o mínimo ideal para um clima como o do Rio de Janeiro (possibilidade de chuvas fortes) é 1500mm. Coluna d’água é uma unidade de medida metereológica, mede a quantidade e intensidade da chuva, e é calculada captando-se a chuva em um recipiente de um metro quadrado, depois colocando essa água em um tubo vertical (esse tubo é a coluna d’água). Mas a coluna d’água não é o único fator a se considerar, pois a água pode entrar pelas costuras se elas não forem seladas, se a impermeabilização não estiver boa (de tempos em tempos é bom cuidar disso, reaplicando um impermeabilizante no sobreteto da barraca) e se houverem falhas, furos e cortes na estrutura;

– Uma barraca bem montada é essecial para evitar problemas. Li um relato de uma pessoa que usou uma barraca “fraca” (segundo a própria pessoa) nas chuvas de Angra dos Reis (conhecidas por sua inclemência) e não teve problemas, exatamente por ter montado-a com perfeição. Assim, treinar a montagem antes de usar a barraca “à vera” faz muita diferença;

– A condensação (transformação do estado gasoso para o líquido) é algo a se preocupar, de verdade. Isso porque o calor que vamos gerar na barraca à noite, ao se chocar com o teto frio, pode virar água suficiente para impedir a noite de sono. Para que isso não aconteça, dois cuidados são essenciais: que a barraca seja montada de forma que o sobreteto não encoste no quarto, quanto mais espaço entre eles melhor; que a barraca possua boa ventilação, e isso se reflete na quantidade de área telada (mosquiteiro) que ela tiver. Assim, minha idéia de que uma barraca pra montanhismo (toda fechada, também conhecida como “quatro estações”) me manteria seco é falsa;

– Barracas com “avanço” (uma parte como uma varadinha para a frente da barraca) ajudam bastante, pois proporcionam uma espaço para tirar calçados sujos fora da barraca, cozinhar quando estiver chovendo o mundo, e ainda pode te dar mais umas horinhas de sono se você montar a barraca virada para o sol nascente (leste), ou permitir uma sombrinha no final do dia se montá-la para o sol poente (oeste) – para isso, leve uma bússola;

– O peso da barraca é algo a se considerar, principalmente se vamos de bicicleta. Eu, pessoalmente, coloquei isso em último lugar na lista de prioridades ao escolher a barraca, mas ainda estava na lista (cor, formato e coisas assim, por exemplo, não estavam) – ainda posso me arrepender amargamente disso;

– Quanto às marcas, a mais recomendada foi a “Trilhas e Rumos”, que vi em um site como “consenso entre campistas”; existem outras marcas boas, mas sempre achei uma ou outra reclamação, e realmente não vi reclamações quanto a essa marca;

– O custo, obviamente =]

Levantadas todas essas informações, optamos pela “Super Esquilo 2”, da Trilhas e Rumos. Ela foi apontada por mais de uma pessoa no fórum do mochileiros.com como “pau pra toda obra”. Tem uma coluna d’água de 2000mm, é autoportante, tem um avanço bom, sobreteto separado do quarto, boa área telada, pesa um pouco mais do que as outras do mesmo “nível” e tem um preço razoável. Compramos a nossa ontem no centro do Rio de Janeiro mais barato do que pelas lojas da internet – nós tinhamos ido para uma loja específica com o mesmo preço apontado na internet, mas no caminho achamos outra loja com ela mais barata.

Em breve, relatos e fotos dos testes com ela!

– Cicloninho

Cuidado com “é só um barulhinho”

Muitas usuárias e muitos usuários de bicicleta que conheço e vejo pouco ou nada conhecem de manutenção de bicicletas, mesmo o básico – como, por exemplo, que basta rodar um pouco uma pequena peça para que um freio ausente ganhe alguma eficácia (lógico que isso não descarta a necessidade de, chegando em casa/no destino, olhar com mais cautela, avaliar melhor o problema e corrigí-lo. É muito importante, na minha opinião de merda, que você conheça o mínimo do funcionamento da sua bicicleta, tanto para poder ter autonomia no conserto e regulagem dela, quanto para tirar da sua bike o melhor que ela pode oferecer.

Doninha e eu resolvemos que, para essa viagem, faríamos o máximo que conseguíssemos da manutenção das bicicletas nós mesm@s – uma forma de garantir um serviço bem feito, conhecer melhor as condições da bicicleta e economizar uma grana. O grande desafio seria a bike dela, que está implorando por uma manutenção há meses, sendo que ficou pedindo educadamente muito mais tempo. Uma primeira coisa a entender e tentar consertar era a corrente (supostamente) travada; como confiamos mais em um mecânico perto da minha casa, ela teria que trazer a bike até aqui, mas me disse pelo telefone que não poderia pois a corrente estava travada. Quando fui à casa dela, vi que a corrente estava fora da roldana inferior do câmbio traseiro, coloquei no lugar e a bike pode ser pedalada novamente.

Quando paramos aqui em casa para dar uma primeira olhada no que deveria ser feito, vi que a roldana estava completamente lisa, sem mais NENHUM dos “dentes” que conduzem a corrente; pensamos que, então, já sabíamos qual era o problema, e corrigí-lo seria trocar uma peça que custa R$1,00. Quando paramos em uma loja pra comprar a peça, o vendedor se espantou com o estado da roldana, dizendo que nunca havia visto aquilo acontecer. Voltamos, trocamos os cabos e sapatas dos freios, colocamos a roldana no lugar e pensamos que estava resolvido o problema. Para nossa sorte, lembrei que o mecânico de confiança de que falei sempre fazia um “teste de stress” quando consertava minhas bikes, forçando a coisa recém-consertada ao limite, para garantir que estava tudo bem. Assim, com a bicicleta virada de cabeça para baixo, girei os pedais bem rápido e com força, para ver se a troca da roldana havia solucionado o problema – e eis que, em menos de um minuto, a corrente solta e trava de uma forma pior do que estava acontecendo antes! Quando fui olhar para entender o que havia acontecido, vi que uma parte do câmbio traseiro havia se rompido; ao olhar mais de perto e pegar, percebi que a parte rompida estava fina como uma navalha, desgastada por atrito. Enquanto eu retirava o câmbio traseiro, ela percebeu o mesmo desgaste no dianteiro, e também marcas de atrito na corrente.

As bicicletas são fabricadas para que tudo funcione “redondinho”, nada tem que fazer barulho estranho, estalar, ficar pulando ou agarrando. A bicicleta dela estava fazendo esse barulho de atrito, obviamente vindo da corrente e relativos, ha mais de um ano, e nós, em meio à correria dessa vida escrota de estudos-trabalho-nãopossofazeroqueeuquero e à nossa falta de cuidado com nossas bikes, pensávamos “é só um barulho chato, basta ignorá-lo, depois a gente conserta”. O resultado dessa falta de cuidado e (por que não?) carinho com a bicicleta podia ter nos deixado a pé no meio da viagem, e o estrago você podem ver nas fotos a seguir:

Câmbio_traseiro_quebrado12-12-2012

Resultado da nossa desatençao com a bike, câmbio rompido na parte de trás

Coroa_marcada-12-12-2012

Pequenas marcas na corrente causadas pelo atrito

Câmbio_dianteiro_quebrado12-12-2012

Resultado da nossa desatençao com a bike, câmbio dianteiro desgastado pelo atrito

Câmbio_dianteiro_quebrado12-12-2012_02

Resultado da nossa desatençao com a bike, câmbio dianteiro desgastado pelo atrito

  Espero que isso mostre, tanto pra gente quanto para as demais pessoas, o quão necessário é se importar com aquele “barulhinho”.

– Cicloninho  =]