Fazendo os alforges

Para a viagem que eu fiz com o Honesto para Rio das Ostras eu fiz um par de alforges, bem simples – dois “sacos” de material impermeável (que não sei direito o nome, se é “courino”, “napa”, “corvim”…), mais ou menos quadrados, com ganchos para prender no bagageiro de trás. Mas esses alforges não me agradaram 100%, por alguns problemas que apresentaram com o uso: ficaram um pouco grandes, batendo no meu calcanhar quando pedalava – isso se deu pois, na hora de medir, eu coloquei o meio dos pés no pedal, e não é com essa parte que pedalo, mas sim com a parte atrás dos dedos, então esses centímetros fizeram diferença; não planejei direito algo para prendê-los na parte de baixo, acabei improvisando uma amarração que rasgou o tecido; eles não ficaram exatamente quadrados, pois visualizei uma coisa, mas como fiz na noite anterior à viagem, a pressa me levou por um caminho diferente, o que me fez perder espaço no alforge. Mesmo com esses problemas, os alforges serviram bem à viagem, principalmente como experiência. Agora, com o planejamento para outra viagem, surgiu a necessidade de fazer novos alforges.

Achei a idéia de fazer de um material impermeável boa, mas como tinha um bom pedaço de uma espécie de lona aqui em casa dando bobeira, fui pela economia. Quanto ao formato não tem muito mistério – existem alforges com um desenho mais “recortado”, para aproveitar melhor o espaço disponível, outros com divisões externas e internas, bolsos e fechos em vários lugares… mas para alguém com limitadas habilidades de alfaiate como eu, quadrado/retângulo básico já está bom. Dessa vez, no entanto, eu escolhi fazer eles um pouco maiores “para cima”, ou seja, com alguns centímetros passando do bagageiro, os ganchinhos de fixação prendendo depois de 1/3 do alforge mais ou menos – para essa viagem, com certeza vai dar certo, pois a barraca vai no bagageiro, fazendo altura suficiente para “apoiar” esse excesso de alforge na própria barraca. Para prender em baixo usei duas tiras com fivela de alguma bolsa velha, que fecham com o esquema de pino e furo, como pulseiras de relógio. Costurei duas fitas na parte traseira, já que os alforges junto com a barraca vão bloquear meu refletor traseiro, uma fita laranja fluorescente e uma fita cinza/branca reflexiva – o ideal era uma fita reflexiva vermelha, mas como não achamos, foram essas mesmo. Prendi a tampa do alforge com um fecho simples, daquele tipo que tem em alça de mochila, e coloquei um bolso que tirei de um calça jeans velha em cada tampa, para levar coisas pequenas que tem que ficar mais à mão (protetor solar, dinheiro, talvez as ferramentas). Costurei  a grande maioria dele na máquina, cortei segundo medidas que tirei na bike (mas devido à minha inabilidade, ficou bem torto), e fiz estilo caixa mesmo: frente, trás, laterais, fundo e tampa. Algumas coisas teriam dado menos trabalho se eu tivesse mais habilidades e me planejado melhor, como por exemplo costurar as fitas reflexivas, que só lembrei depois de prontos os alforges.

No primeiro teste que fiz, os alforges se mostraram bons, mas apresentaram o problema de ficar batendo na roda – solucionei o do calcanhar, no entanto. Olhando bem, percebi que era pelo peso somado ao fato dos ganchos que os prendem na bike permitirem certa mobilidade; assim, no treino improvisei uma amarração com barbante, passando pelos dois e prendendo no canote, assim puxando eles um pouco para frente e resolvendo o problema. Uma solução definitiva para isso seria colocar algo rígido por dentro, fazendo a parte de trás se manter sempre reta e não sobrar nada solto para ficar batendo na roda; no entanto, quero evitar colocar mais peso e ocupar espaço no alforge, mesmo que seja só uma peça de papelão encapada. Vou tentar fazer uma alça que ligue os dois por cima da barraca, se não resolver eu coloco algo por dentro mesmo.

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Visão geral dos alforges

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Detalhe do bolso e fecho da tampa

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Detalhe da parte de trás, com os ganchos e fivela

– Cicloninho

Não tinha uma ideia exata de como seria um alforge, o que eu tinha como referência era o que o Cicloninho pela primeira vez. Com base neste exemplo, comecei a procurar (nas caixas com vários pedaços de pano que tenho aqui em casa) por um tecido que fosse grosso (depois pensei que as características mais importantes seriam sintético ou impermeável ao invés de grosso, mas já tinha adiantado o alforge o suficiente para abandonar tudo e continuar do zero) .

Primeira ideia de lateral para o alforge

Primeira ideia de lateral para o alforge

Encontrei um pedaço de jeans “macio” que parecia ser suficiente. Depois de algumas medições no bagageiro da bicicleta, decidi fazer um com 30cm x 30cm. Inicialmente pensei em colocar um pedaço de pano cobrindo o bagageiro costurando cada alforge de um lado desse pano. Depois pensei em colocar ganchos como no alforge do Cicloninho, mas foi impossível encontrar ganchos que encaixassem no meu bagageiro. Acabei voltando à ideia de colocar um pano entre os alforges, e por fim, coloquei dois pedaços de alça de algodão (dessas que se coloca em bolsa estilo “carteiro”) ligando um ao outro e costurei algumas tirinhas para que eu pudesse prender os alforges também nos canotes que prendem o bagageiro na bicicleta. Uma preocupação que vale a pena ter com os panos “que desfiam” (como o que eu escolhi) é passar na máquina overloque (máquina feita para arrematar as bordas dos panos impedindo que eles desfiem) ou fazer costura inglesa (dobrar a borda do pano duas vezes e costurar impedindo que o pano desfie). Não consegui tomar esse cuidado com todas as bordas do meu alforge e agora (prestes a sair de casa) fico com medo de ter alguma surpresa desagrádável no caminho.

Lateral definitiva

Lateral definitiva

Fiz meu alforge em quatro etapas diferentes: comecei a fazer na casa da minha vó (com a ajuda da minha mãe overlocando o que eu já havia recortado), tentei fazer em casa (com muita paciência pois não havia máquina de costura, teria que fazer tudo à mão), contando novamente com a ajuda da minha mãe continuei a fazê-los na casa dela (na verdade ela que costurou para mim :$), e a última etapa foi na casa do Cicloninho, com quem pude “discutir” os últimos detalhes. Algumas coisas que valem ressaltar: 1- foi um alforge de baixíssimo custo, pois a única coisa comprada foram as fitas reflexivas, o restante dos materiais foi reutilizado; 2- para quem não tem muita prática de utilizar máquinas de costura, o acabamento  tende a não ficar muito bom, eu achei que o acabamento do meu alforge ficou à desejar e sei que se eu tivesse feito à mão (ou minha mãe tivesse costurado tudo para mim) ele ficaria mais bonitinho. A falta de intimidade com a máquina de costura (e de coordenação motora) era tanta que o Cicloninho me ajudou bastaaannte nesse momento; 3- É muito importante testar os alforges antes de usá-los. Com uma primeira pedalada rápida pudesse identificar alguns probleminhas e tentar resolvê-los.

Se ele vai “dá para o gasto”, somente na volta posso dizer! =]- Cicloninha

Teste do alforge

Teste do alforge

Mainha costurando

Mainha costurando

Alforges prontos com roupas e etc etc.

Alforges prontos com roupas e etc etc.