Uma pedalada esperada até Aldeia Velha

Há muito tempo @s Cicloninh@s pensavam em fazer uma viagem de bicicleta junt@s, mas sempre tinha algum problema, muitas vezes possivelmente falta de organização e preguiça, que nos impedia. Nesse final de ano, com o término da graduação da Cicloninha, vimos a oportunidade aparecer novamente, e decidimos não deixar ela passar. Queríamos pedalar, mas não sabíamos para onde, e Aldeia Velha apareceu como ótimo local por vários fatores, entre eles: ser relativamente longe, proporcionando um bom pedal; o Honesto já ter ido duas vezes pra lá de bike e ter relatado uma delas no seu blog; ser um local calmo, tranquilo e longe do “circuitão de férias”; termos achado um local barato e legal para ficar.

O plano era ir daqui de casa a casa do padrinho do Cicloninho, em Magé (aproximadamente uns 30km), para economizar essa uma hora e meia de pedalada, render mais o tempo de pedalando sem sol, coisas assim. Só que no dia em que planejamos sair, estava chovendo muito, fomos então fazendo o “confere” da checklist; comprando as últimas coisas e providenciando os arremates necessários. No dia seguinte o tempo parecia melhor, mas logo começou a chover e o desânimo já começava a bater: “Será que não vamos conseguir fazer essa viagem?” O plano era: “Se não estiver chovendo às 17h, vamos até Magé. Chegamos lá por volta de 19h e dormimos por volta das 21h. Acordamos 2h para sair às 3h. Paramos em Rio Bonito (metade do caminho) às 9h, descansamos, conhecemos a cidade e voltamos a pedalar às 16h para conseguir chegar em Aldeia Velha às 22h.” Primeiro contratempo: estava chovendo às 17h. Pensa. Para. Reflete. Ajeita mais uma coisa. Preguiça. Olha no Climatempo. Uma ideia: “Está com cara que a chuva vai parar. Podemos sair às 19h, para chegar em Magé às 21h, ir dormir e continuar com o plano de viagem.” E nessa de esperar a chuva passar, fomos arrumando as bikes devagar.

O céu estava nublado, carregado de nuvens na hora que saímos em direção à Magé. Logo no primeiro quilômetro, Cicloninho reclamava dos alforges batendo no calcanhar e os meus entraram um pouco na roda. Com uma rápida parada conseguimos resolver estes problemas. A pedalada foi muito tranquila na maior parte do trajeto. Era noite, o ar estava fresco e a noite agradável. Tivemos que parar algumas vezes para colocar a corrente na coroa da minha bicicleta (mais um capítulo da novela do passador dianteiro) e uma ou duas vezes em subidas que, como diria o Cicloninho, a Cicloninha arregou. A parte mais tensa foi pegar um trecho da BR 493 que é escuro e esburacado (na verdade, essa BR tem só um trecho iluminado, em frente ao Corpo de Bombeiros). Pegamos chuva nos últimos 4 ou 5 quilômetros. Chegamos, tomamos banho, comemos nosso miojo e fomos dormir. Mas às 3h da manhã quando o relógio despertou, outro contratempo (na verdade era o mesmo): estava caindo um toró! Decidimos voltar à dormir e ver o que faríamos pela manhã. Às 7h da manhã ainda chovia muito. Lá pelas 9 e pouca a chuva estiou. Pensa. Para. Reflete. “Quer voltar?”. Olha no climatempo. “Vamos?”

Chuva na maior parte do caminho no primeiro dia

Chuva na maior parte do caminho no primeiro dia

Saímos às 10:55. Depois de 5 minutos de pedalada, já chovia bastante, mas continuamos. Ainda no trecho Magé-Manilha, indo em direção à BR 101, o pneu traseiro da Cicloninha furou. Não esperávamos que acontecesse tão rápido, mas pensamos: “Acontece.” Depois, já na BR 101, mais precisamente no Viaduto de Duques, foi a vez do pneu traseiro do Cicloninho furar, ou melhor, rasgar (É impressionante a quantidade de coisas no acostamento prontas para furar os pneus das bicicletas). Aproveitamos para fazer nosso almoço e nisso encontramos um “trecheiro”. Estava vindo de São Paulo, sem freio (o_o), talvez fosse para Macaé. Aproveitamos a parada e torcemos um pouco das roupas encharcadas, fizemos um arroz com lentilha (usando uma espiriteira a álcool) somente com água e sal e ficou, surpreendentemente, gostoso. Cicloninho remendou a camâra de ar e depois seguimos viagem.

Nosso primeiro almoço na estrada: arroz com lentilha

Nosso primeiro almoço na estrada: arroz com lentilha

Pneu rasgado

Pneu rasgado

Em Tanguá, a Cicloninha estava bem cansada e já começávamos a pensar em algum lugar para dormir. Perguntamos em um posto de gasolina quanto faltava para Rio Bonito –  Ao ouvir 12 km trocamos olhares e a Cicloninha disse que dava pra chegar. O pneu traseiro da bicicleta estava um pouco baixo. “Será que furou novamente!?!?” Enchemos o pneu e fomos. Já bem perto da entrada de Rio Bonito o pneu arriou de vez. Solução: empurrar a bicicleta. Passando pela frente da UPA 24h de Rio Bonito, um cara nos abordou super empolgado, falou que também andava de bicicleta, fez algumas perguntas e nos indicou um hotel “baratinho” no centro de Rio Bonito (entre aspas porque não achamos tão barato assim quando chegamos lá). Uma outra opção era tentar ficar em uma igreja católica pois essas igrejas geralmente possuem um quarto e abrigam viajantes. Mas nos indicaram uma igreja que parecia não ser católica e que no momento acontecia alguma atividade. Resumindo: fomos para o hotel. Lá, aproveitamos para lavar umas peças de roupa na pia do banheiro. Estendemos um varal improvisado atravessando o quarto para que as roupas pudessem secar. A diária valia atá às 12h do dia seguinte, assim o plano era simples: Desceríamos para o café da manhã às 8h, por volta de 11h desceríamos novamente para começar arrumar as bicicletas e conseguir sair 12h. Mas quando fomos colocar a roda da bicicleta da Cicloninha no lugar (havíamos levado a roda para o quarto para fazer o remendo lá) vimos que o pneu da bicicleta do Cicloninho muito rasgado, não dava pra seguir daquele jeito. Mudança de planos: sair para procurar uma loja de bicicletas para comprar um pneu novo (“Será que vai ter pneu para speed?”) e câmaras de ar extras para as duas bicicletas. Cicloninho foi nessa missão e a Cicloninha ficou no hotel adiantando as coisas, e quando ela vai colocar os alforges na sua bicicleta se depara com mais uma surpresa desagradável, o pneu dianteiro estava bem vazio. Por via das dúvidas ela retirou a fita anti-furo caseira que havia feito, pois desconfiávamos que ela pudesse estar causando furos; o Cicloninho acha que foi uma coisa específica na feitura da fita que ocasionou isso, pois ele tem uma fita antifuro caseira em um bike, com um pneu carequinha, e não dá problemas.

Açaí em Rio Bonito

Açaí em Rio Bonito

Tudo resolvido. Fomos procurar alguma coisa para comer. Tomamos um açaí de 500 ml cada um, com muito amendoim e rosquinhas para acompanhar. Estávamos  apreensivos com a possibilidade de mais furações de pneu mas seguimos em direção à Aldeia Velha. Iríamos voltar para BR 101 por onde havíamos entrado em Rio Bonito, mas por indicação da moça do Açaí fomos em outra direção, na qual pegaríamos a BR 101 bem mais na frente. Teria sido uma boa opção, se esse caminho não fosse 90% feito de paralelepípedo; mas, ao menos, passamos da entrada da Via Lagos. Esse trecho da BR era muito mais tranquilo e bonito do que o que já havíamos percorrido – pouco volume de carrros, algumas cadeias de morros. Como problema pouco é bobagem, logo nos primeiros KM nessa volta à BR, o Cicloninho percebeu que o pneu novo estava com uma deformação, causando um “ovo” inconveniente no pneu, mas preferiu continuar assim do que voltar em Rio Bonito para tentar trocar o pneu, em um sábado onde as coisas já poderiam ter fechado. Depois de pouco mais de 2h pedalando, fizemos uma parada. Como estava muito quente, não tínhamos vontade de comer comida/fazer o almoço. Procuramos, mas como era de se esperar de uma lanchonete chamada “Queijão”, não encontramos algo vegan e/ou barato. Uma coisa que comprovamos nessa viagem foi que bicicletas atraem pessoas legais. Nessa parada nossas bicicletas nos permitiram conhecer o Eduardo e a Patrícia de Rio das Ostras, que andam de bike também e pilham em cicloturismo, estavam inclusive indo trabalhar na Copa América (que nós não fazemos idéia do que seja  XD) – dêem uma conferida no blog deles. Foi bom conversar com eles!

Eduardo: cicloturista de Rio das Ostras

Eduardo: cicloturista de Rio das Ostras

Apropriação de um coco.

Apropriação de um coco.

Umas pedaladas depois notamos que o pneu da bicicleta do Cicloninho estava meio vazio, e além disso, algum tempo depois a roda começou a bambear. “Era só o que faltava… o eixo quebrar.” Para. Tira alforge. Pensa. Mexe. Se apropria de um coco da fazenda que paramos em frente. Coloca alforge. Volta a pedalar. Mais a roda continuou bamba. Ainda faltavam uns 10 km mais ou menos até o quilômero 215 da BR 101, ponto onde fica a entrada para Aldeia velha. Depois de lá ainda seriam mais 8 km de estrada de chão até Aldeia Velha. Cicloninho estava MUITO irritado. Queria que a Cicloninha fosse na frente e ele “se virava”, mas ela não queria ir na frente. Tentou pedalar mais um pouco. “É, realmente não dá.” Tentou encher o pneu pra ver se dava pra pedalar mais e eis que… Cicloninho percebe que havia esquecido de apertar o pino da válvula (presta) da câmara de ar e por isso ela estava esvaziando, e, consequentemente, como era um pneu 700X20 vazio, dava essa impressão de eixo quebrado – pedalar com peças que você não está acostumad@ cria essas dificuldades. Problema resolvido: Só felicidade! Ainda estava claro quando chegamos na entrada para Aldeia velha, foi escurecendo no caminho. Quando chegamos no centro da cidade, fomos perguntar onde ficava a Fazenda Bom Retiro para umas pessoas que estavam na frente de um bar. Uma delas perguntou espantada: “Vocês vieram de bicicleta lá da entrada?” E eis que aumentamos seu espanto quando respondemos: “Estamos vindo de Caxias, no Rio de Janeiro.” Depois de mais ou menos um quilômetro chegamos na Reserva Bom Retiro.

Entrada de Aldeia Velha

Entrada de Aldeia Velha

Estamos preparando o relato da nossa estadia e da nossa volta. É que a viagem trouxe muitas ideias e empolgações, então estamos tendo que dividir nosso tempo com construções de forno solar, visitas a amigos etc.

– Cicloninh@s

10 comentários em “Uma pedalada esperada até Aldeia Velha

  1. Porra, que foda!! Fico felizao que voces conseguiram, mesmo com os contratempos! Marcus e pneu furado é pleonasmo! Hahahha

    Algumas perguntas e comentários:
    – o “calombo” que rolou no seu pneu por a caso era junto da válvula? tive esse problema na última viagem, talvez por usar uma camara de valvula presta meio vagabunda (Kenda). ela deformou o pneu na parte da válvula, talvez por causa do reforço da própria camara. troquei por uma de valvula schraeder e ficou OK!

    – os alforges, como se saíram? deu tudo certo? costuras aguentaram? como resolveram ele batendo na roda? ainda não li o post sobre a confecção deles.

    – que fita anti-furo é essa que voces fizeram? já ouvi muitas reclamações sobre as fitas anti-furo FVM, especialmente as de garrafa pet.

    vamos marcar uma visita, voces aqui ou eu aí, pra falar mais disso!
    no primeiro final de semana de fevereiro eu devo ir de bike pra Aldeia Velha, com uma galera que nunca viajou de bike, tá afim de se iniciar!

    Beijo grande!

    • Pois é, esse meu karma de pneu furado tem que estar me rendendo bônus em alguma outra coisa, só ainda não sei aonde… =D

      Então, também pensei que poderia ser alguma coisa com a válvula, por ser um 700×20, mas não era não. Acredito que o pneu estava parado na loja MUITO tempo, e os pneus ficavam estocados bem no alto, acho que o calor e a baixa qualidade acabaram gerando o problema. Mas a dica é boa, eu cheguei a usar câmaras 700×23 schraeder da Pirelli, mas pro 700×20 só tinha presta mesmo

      Os alforges se comportaram bem, na minha opinião de merda. Os da Cicloninha foram abertos o tempo todo porque ela fez o fechamento com velcro e o meu alforge direito qubrou um ganchinco de metal vagabundo de trás e o de plástico da frente, tudo resolvido com o kit gambiarra

      A fita anti-furo é basicamente tiras de garrafa pet envolvidas com silver tape. Eu acho que a dela deu ruim pois na união das tiras ela não “trepou” um pedaço, apenas colocou uma ao lado da outra; na que eu fiz, com a união “trepada”, tá tudo certo, ela tá no pneu dianteiro da minha bike do rabugento, o pneu inclusive tem um furo, e eu vou pra Xerém com ela de boa, pneu cheinho

      Pô, vamo se visitar sim lekão! Semana que vem tô marcando de fazer cajón com um amigo aqui, se não tiver trabalhando vem pra cá. Me informe mais sobre essa ida a Aldeia Velha hein, me interessei!

      Beijoconas
      =D

    • Olá Luiza, tudo bem?
      Conforme informamos no relato, pegamos a BR-497 para sair de Magé e chegar na BR-101, por onde seguimos a viagem toda, até chegar em Aldeia Velha. Ou seja, foi um retão direto até lá, parando pra dormir em Rio Bonito.
      Depois da viagem de vocês escrevam um relato que a gente posta aqui no blog, ok?

      =]

  2. Ola MArcos!! Farei um relato completo e certamente lhe enviarei! Será minha primeira experiência desse gênero! To muito animada! Obrigada pela ajuda!

    • Olá Luiza,

      Espero que dê tudo certo nessa sua primeira viagem de bike, pra animar você de fazer muitas outras. Quem sabe a gente não junta todo mundo e faz uma viagem nas férias?

      =]

  3. Eu acho ótimoo! A galera animada e que ama pedalar tem que estar unida pra agregar e influenciar cada vez mais gente e difundir a bike como meio de transporte e/ou lazer possível! 🙂

    • Concordo plenamente com você, Luiza.
      Sobre a sua viagem, já sabem onde vão ficar? Fizeram algum tipo de planejamento, praticaram longas distâncias com pesos?
      Se ainda não reservaram um local, recomendo a RPPN Bom Retiro (http://www.rppnbomretiro.com/), onde ficamos.
      Aguardo seu relato!

      =]

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